Técnicos tentam conter vazamentos de barragem com rejeitos tóxicos da Ingá
2006-02-02
Depois que mais de 15 milhões de litros de água contaminada com metais pesados atingiram a Baía de Sepetiba desde a última quarta-feira, devido a transbordamentos e vazamentos no dique de 2,5 quilômetros em torno da companhia Ingá Mercantil, em Itaguaí, técnicos do Instituto de Química da UFRJ, responsável pelo programa emergencial para resolver o problema dos dejetos tóxicos da companhia falida, passaram o dia de ontem enchendo sacos com barro para fazer a contenção da barragem.
Os funcionários tiveram dificuldade para transportar o material para os cinco pontos críticos identificados no dique, porque os caminhões e tratores alugados foram, devido à falta de recursos, devolvidos em dezembro. A equipe também bombeou ontem água da lagoa de contenção para uma lagoa auxiliar, para tentar baixar seu nível.
— É um esforço paliativo. Precisamos retomar o tratamento dos efluentes e alugar máquinas. A Serla também precisa fazer a manutenção das barragens — afirmou o professor João Alfredo Medeiros, do Instituto de Química da UFRJ.
Segundo ele, a quantidade de água contaminada por zinco, cádmio e chumbo a atingir o Saco do Engenho, na Baía de Sepetiba, diminuiu ontem, mas o temporal que caiu à tarde pode ter agravado novamente o problema.
— Nossa tolerância é de apenas 5 milímetros de chuva. Qualquer coisa acima disso e a barragem transborda em diversos pontos — disse.
Além dos problemas na barragem, água contaminada também está escorrendo pelo lado oeste da montanha de resíduos, onde não há contenção. Até dezembro, máquinas bombeavam a água para a lagoa, mas o trabalho também foi interrompido pela falta de dinheiro.
Descaso ambiental
Se há um desastre ecológico permanente, este é o do reservatório de água contaminada de materiais pesados da falida Ingá Mercantil, localizado em Itaguaí, grave fonte de poluição da Baía de Sepetiba.
De tempos em tempos, a depender das chuvas, o veneno verte para a Baía. Nos últimos dias, foram 15 milhões de litros.
Já era para o Executivo, o Legislativo, o Ministério Público e a Justiça terem resolvido o problema.
A ALERJ, por exemplo, pode começar a ajudar com a aprovação do projeto de lei do deputado Carlos Minc, do PT, que converte o terreno da Ingá em área de interesse ambiental.
(O Globo, 01/02)