ONU faz reunião para implementar Protocolo de Kyoto
2006-02-02
Uma reunião da ONU nesta semana na Alemanha deve abrir caminho para centenas de projetos destinados a reduzir as emissões de gases do efeito estufa na Rússia e no Leste Europeu, disseram fontes do setor na terça-feira (31/01).
As autoridades que se reúnem nos dias 2 e 3 em Bonn vão começar a mapear as regras para o esquema de Implementação Conjunta (IC), um dos três mecanismos previstos pelo Protocolo de Kyoto para reduzir as emissões de poluentes e combater o aquecimento global.
"A primeira reunião da comissão de supervisão [de IC] é um enorme passo à frente, é muito importante", disse Paul Soffe, diretor-associado da britânica EcoSecurities, que desenvolve projetos de redução de emissões em todo o mundo.
"Queremos que haja um cronograma que permita que os projetos sejam registrados no segundo semestre deste ano", disse ele à Reuters. A IC é uma forma de países ricos terem formas baratas de cumprir suas metas de redução nas emissões. Para isso, esses países ganham créditos financiando projetos climáticos no exterior.
Só os países que têm metas de redução previstas no Protocolo de Kyoto podem receber investimentos nesses projetos. A maioria deve ocorrer na Rússia e no Leste Europeu, onde há enormes possibilidades de redução das emissões por meio de melhorias na eficiência energética e em processos industriais, inclusive nos de geração de energia.
"A Rússia e a Ucrânia têm o maior potencial, mas ainda têm de apresentar seus sistemas [internos] para aprovar os projetos", disse Soffe. Trata-se de projetos como usinas de energia "limpa", como a eólica, ou reformas em instalações industriais para reduzir o uso de energia e a poluição resultante.
O Leste Europeu é candidato natural a vender créditos do Protocolo de Kyoto, porque muitas de suas indústrias pesadas fecharam desde a queda do regime comunista, o que reduziu drasticamente as emissões e fez com que esses países já tenham cumprido as metas de Kyoto, que valiam sobre os valores de 1990.
Paralelamente, outro esquema do protocolo, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), começa a decolar, após um começo lento, atribuído por críticos ao excesso de burocracia. Analistas dizem que as regras da IC devem se basear nos regulamentos usados no MDL, já que a criação de regras inteiramente novas para a IC poderia provocar atrasos.
"O MDL reinventou a roda uma vez, não precisamos que a comissão de supervisão da IC faça isso outra vez", disse Liz Bossley, da consultoria londrina CEAG.
Pelo MDL, que envolve investimentos de países ricos em países pobres sem compromissos assumidos em Kyoto, o número de projetos oficialmente registrados pela ONU cresceu drasticamente desde o começo deste ano, atingindo agora os 79.
(Reuters, 31/01/06)
Link: noticias.uol.com.br/ultnot/reuters/2006/01/31/ult729u53955.jhtm