Chuvas ameaçam fornecimento de gás para Brasil e Argentina (Morales)
2006-02-01
Os temporais que castigam a maior parte da Bolívia colocam em risco o fornecimento de gás natural a Brasil e Argentina, e alagaram 4 mil hectares de plantações na fronteira andina com o Peru, alertou nesta terça-feira o presidente Evo Morales, após sobrevoar uma vasta zona do leste e nordeste do país.
A chuva formou massas de lodo e pedras que poderiam destruir os gasodutos pelos quais a Bolívia exporta 7,7 milhões de metros cúbicos de gás por dia para a Argentina e cerca de 30 milhões para o Brasil, se La Paz não tomar medidas a tempo. O duto mais ameaçado é o que liga o centro-leste da Bolívia ao oeste do Brasil. "Está em risco o gasoduto Bolívia-Brasil e também o duto na área de Villamontes, na fronteira com Argentina e Paraguai. Deve-se tomar medidas urgentes", alertou Morales.
Preocupado com a situação crítica de dezenas de camponeses no leste do país, onde rios transbordaram, Morales voltou a pedir ajuda à comunidade internacional para socorrer 200 mil pessoas em todo o país. "O Rio Grande transbordou e praticamente saiu de seu curso em 80%", disse o prefeito de Santa Cruz, Rubén Costas, à Agência Boliviana de Informação. Segundo o último relatório da Defesa Civil, o Rio Grande está a ponto de arrasar assentamentos camponeses e indígenas na jurisdição Brecha Casarabe. Somente ali, foram perdidos 16 mil hectares de milharais.
Em San Julián e Cuatro Cañadas, os prejuízos na atividade agroindustrial e pecuária somam 10 milhões de dólares, segundo autoridades. As chuvas alagaram milhares de hectares de soja e arroz e destruíram estradas em seis dos nove departamentos (distritos) do país, segundo a Defesa Civil.
O governante reuniu ontem representantes de 55 entidades estrangeiras de cooperação em La Paz, e acertou um financiamento imediato de meio milhão de dólares para socorrer os desabrigados. Intensas também no oeste boliviano, as chuvas causaram um aumento de quase um metro no nível da água do Lago Titicaca, que Bolívia e Peru compartilham nos Andes. Dezessete comunidades ficaram inundadas e as famílias aimarás desabrigadas somavam mais de 4 mil.
(APF, 31/01/06)
Link: noticias.uol.com.br/ultnot/afp/2006/01/31/ult34u146639.jhtm