Presidente georgiano vê Rússia como ameaça e prega diversificação energética
2006-02-01
O presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, considera que a segurança energética de toda a região foi ameaçada pela atitude demonstrada pela Rússia nas últimas semanas e que é preciso agir para conseguir uma "diversificação" das fontes. Em entrevista publicada ontem (30/01) pelo jornal francês Le Figaro, Saakashvili afirma que a principal conclusão que se pode tirar da crise do gás é que "está em jogo a segurança energética da região. É a ocasião para acelerar a independência".
O presidente georgiano diz ter suspeitas de que agentes russos estão por trás das explosões que danificaram um gasoduto que abastece o país porque há
antecedentes de ataques a instalações elétricas cometidos em regiões onde há presença militar russa. Duas antigas bases militares soviéticas ainda estão
operacionais em território georgiano, com a presença de soldados russos, que também atuam como força de interposição entre a Geórgia e a região separatista
da Abkházia.
O Parlamento da Geórgia quer que o contingente militar russo deixe o país, por considerar a tropa "o principal obstáculo para uma solução pacífica" do
conflito na Abkházia, onde "a limpeza étnica dos georgianos foi feita com a participação das forças russas", segundo Saakashvili.
O presidente da Geórgia não considera verossímil um recente artigo do ministro da Defesa russo, Serguei Ivanov, que invocou o direito de seu país a intervir
militarmente no território de seus vizinhos se considerar que a situação interna desses Estados é uma ameaça para a Rússia. "Essas ameaças são destinadas
à opinião pública russa. Ninguém as colocaria em prática", diz Saakashvili, para quem a Geórgia agora é "estável". "É isso que inquieta o pessoal da ex-KGB."
Centrais nucleares
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs a criação de uma rede internacional de centrais nucleares civis sob a égide da Agência Internacional
de Energia Atômica (Aiea), que proporcione energia em partes iguais aos países carentes de energia nuclear. "É necessário criar um modelo de infra-estrutura
global que permita assegurar um acesso igual a todos os países interessados na energia nuclear, mas em respeito estrito das exigências de não proliferação",
declarou o presidente russo, segundo a agência Interfax.
"A Rússia está disposta a construir uma base internacional desse tipo em seu território", acrescentou Putin, precisando que a rede deve funcionar "sob o controle da Aiea". A Rússia tratará essa idéia, apresentada como solução para os casos iranianos e norte-coreanos, com seus sócios durante a reunião de cúpula do G 8 que será realizada em julho em São Petersburgo, ressaltou Putin.
(EFE e AFP, 31/01/06)