Estado pede agilidade em processos da Stora Enso
2006-01-31
Enquanto a gigante sueco-finlandesa Stora Enso prepara os pedidos de autorização
de compra de terras na fronteira oeste, o governo do Estado pretende negociar
a agilização na análise desses processos no Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (Incra) e no Conselho de Defesa Nacional (CDN). O secretário
estadual do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, Luis Roberto Ponte,
disse que deve procurar o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto,
e o Incra para solicitar empenho no sentido de viabilizar a liberação dos
documentos da companhia o mais rápido possível. "A idéia não é postergar o processo
de implantação da empresa, principalmente o início do plantio", afirma Ponte.
Para ele, o fato de a multinacional estar investindo em uma região que carece de
desenvolvimento deve sensibilizar os técnicos do governo federal.
Maior produtora mundial de celulose, a Stora Enso está comprando áreas em oito
municípios do oeste gaúcho (Alegrete, Cacequi, Maçarambá, Manoel Viana, Rosário
do Sul, São Santiago, São Francisco de Assis e Unistalda) para formar uma base
florestal de eucalipto e pinus destinada a abastecer uma futura fábrica de
celulose na companhia. Somente na aquisição de terrenos devem ser investidos
US$ 250 milhões até 2012.
No entanto, a empresa não conseguiu registrar os mais de 36 mil hectares comprados
no ano passado por causa da Lei da Faixa de Fronteira (nº 6634/79), que exige
uma autorização especial do CDN para que pessoas jurídicas estrangeiras realizem
transações com imóveis rurais situados a até 150 quilômetros de distância do
limite terrestre do território nacional.
Desde dezembro, a companhia vem trabalhando com orientação do Incra para reunir
toda a documentação necessária para obter a licença. Os papéis são reunidos e
analisados pelo instituto, que emite um parecer para a avaliação do CDN. Devido
à extensa lista de documentos e processos, o Incra não tem previsão de quanto
tempo levará para concluir o trabalho.
O governador Germano Rigotto acredita que o governo federal não vai criar
problemas para liberar as licenças. "Buscar esse processo é um rito que precisa
ser cumprido quando se trata de zona de fronteira", analisa o governador. O
prefeito de São Francisco de Assis, Ademar Frescura, acredita que o obstáculo
burocrático imposto à implantação da Stora Enso não deve afastar a multinacional
da região. "A opção da empresa pelo oeste gaúcho levou em conta a viabilidade
econômica de comprar terras baratas que produzem eucalipto em apenas sete anos,
pondera Frescura.
O prefeito de Alegrete, José Rubens Pillar, entende que os prefeitos da região
devem se mobilizar para pedir apoio da bancada gaúcha no Congresso e exigir do
governo federal uma atenção especial para este caso. Ele ainda avalia que a lei
da Faixa de Fronteira também pode funcionar como um obstáculo para o desenvolvimento
da região. "Temos que buscar a modificação dessa lei, pelo menos uma redução
no tamanho da faixa", destaca Pillar.
(JC, 31/01/06)