Universitários pesquisam plantas medicinais no Cariri
2006-01-31
Bolsistas da Universidade Regional do Cariri (Urca) estão promovendo um
levantamento etnobotânico em diferentes municípios do Sul do Ceará e
confirma uma tradição que muitos já sabem: o uso das plantas medicinais na
cura das doenças. O desconhecido, entretanto, é o crescimento vertiginoso
dessas práticas populares, certamente por estarem apresentando resultados
positivos.
Atualmente, de acordo com os estudos, uma das plantas mais procuradas é o
Barbatimão que vem se destacando no tratamento da cicatrização e bactericida.
Cientificamente identificada como Stryphnodendron rotundifolium, ela
constitui-se numa espécie endêmica da Chapada do Araripe. No levantamento
que fazem, os bolsistas descobriram que a mesma é muito utilizada pela
população no tratamento de feridas, hemorróidas e afecções vaginais, na
forma de banhos de assento.
A iniciativa da Urca é viabilizada através do seu Laboratório de Pesquisas
de Produtos Naturais (LPPN), que comprova o alto índice no uso medicinal de
diversas espécies vegetais da biorregião do Cariri. Isso vem sendo feito por
meio de biomonitoramento de testes “in vitro”. Os ensaios biológicos
mostraram, por exemplo, que o extrato do Barbatimão apresenta uma baixa
toxicidade quando comparado a outros agentes antimicrobianos e cicatrizantes.
A planta apresenta outra vantagem que é não apresentar efeitos colaterais,
desde que seja utilizada em quantidades adequadas. O reitor da universidade,
André Herzog, informa que, por conta dos bons resultados apresentados, a
Urca está iniciando a produção experimental de fitoterápicos, que serão
usados como alternativa no tratamento de diversas doenças. Esses produtos
objetivam atender às necessidades, principalmente da população mais carente.
Segundo ele, a produção dos fitoterápicos da universidade recebe apoio
financeiro da Funcap, CNPq e BNB. Entre os produtos que serão produzidos
destacam-se: sabonetes, tinturas, xaropes e pomadas, dentre outros, que
serão repassados à população a preços acessíveis. A iniciativa é coordenada
pelo professor Galberto Martins, doutor em Química de Produtos Naturais. Ele
segue o modelo do Projeto Farmácias Vivas, implantado em vários estados
brasileiros sob a coordenação do professor da Universidade Federal do Ceará
Francisco José de Abreu Matos.
(Diário do Nordeste, 27/01)