Construção de hidrelétricas em RO beneficia multinacionais da soja, diz MAB
2006-01-31
Cerca de dez mil famílias podem ser prejudicadas pela construção das hidrelétricas do Jirau e do Santo Antônio, ao longo do rio Madeira (RO), de acordo com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Nesta terça-feira (31), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) dá início à vistoria ambiental na região. Depois da inspeção, o órgão vai realizar audiências públicas para ouvir a opinião da população local.
As hidrelétricas serão construídas pela central elétrica estatal Furnas e pela Construtora Norberto Odebrecht, que lidera os negócios de Engenharia e Petroquímica na América Latina. Segundo as empresas, o principal motivo para
a construção das barragens seria o acréscimo de 6,4 mil megawatts na geração de energia do país.
Para Wesley Ferreira Lopes, da coordenação do MAB em RO, as obras da Jirau e da Santo Antônio fazem parte de um projeto maior, que envolve mais duas barragens para a criação de uma malha de transportes fluvial e rodoviário - que ligará a bacia do Orinoco, na Venezuela, à bacia do Prata. "Na prática não vai ser só isso, eles estão querendo construir quatro barragens que fazem parte do empreendimento IIRSA (Integração da Infra-estrutura Regional da América do Sul). Querem fazer a hidrovia para transportar mercadorias das empresas internacionais, principalmente a soja.
Através da hidrovia, vai baratear o custo do transporte".
O dirigente do MAB ressaltou, também, que as mudanças ambientais que as hidrelétricas provocarão devem alterar o relacionamento entre os organismos e o ambiente, aumentando assim a ocorrência de malária. Além de ter sua extensão povoada por cerca de dois mil ribeirinhos, que vivem da pesca e da agricultura familiar, o Rio Madeira é fonte de subsistência de aproximadamente oito mil famílias da região.
(Agência Notícias do Planalto, 30/01)