Montenegro: incêndio aquece revolta de moradores contra depósito de lixo
2006-01-31
O incêndio que ocorreu em um depósito de material reciclável da rua Otaviano de Souza, no bairro Industrial, em Montenegro, trouxe à tona um problema antigo enfrentado pelos moradores. Eles já reclamavam dos insetos e ratos que proliferam junto ao lixo e, agora, percebem que estão expostos a outro risco. O fogo iniciou por volta das 23h30min de sexta-feira (28/01) e assustou a vizinhança, tendo em vista a proximidade do depósito com as residências.
"Vi o fogaréu na janela e corri para ajudar a apagar", recorda Maicon Andreas Draws, 19 anos. Os moradores tentaram conter as chamas jogando água com baldes e mangueira e dizem que Corpo de Bombeiros chegou sem água ao local. Mas o sargento João Paulo Ulerich nega. Afirma que foram usados 15 mil litros de água, além de o Gerador de Líquido Espumante (GLE).
Ninguém foi ferido, mas a revolta dos moradores se acendeu. No sábado pela manhã, Helena Rosane Boos, contou que o marido locou o terreno para o depósito há mais de dois anos, mas alega que não sabia que o amontoado de lixo seria grande. Diz que já pediu o terreno de volta.
O proprietário do depósito, Glaci da Cruz Tavares, diz que pretende sair, mas quer vender o lixo primeiro. Sua esposa, Rita de Ávila, conta que, desde setembro do ano passado, estão procurando outro lugar para o depósito, mas ainda não encontraram. Ela se queixa das reclamações de alguns moradores da rua e alega que o material guardado no local é reciclável, como ferro, plástico e papel. Afirma que o depósito gera trabalho para cerca de 100 catadores.
A moradora da casa ao lado do lixão, Eloí Pires, era a mais revoltada. Contou que os ratos inutilizaram o seu fogão a gás. "Se eles não saírem daqui, eu mesmo vou pagar um caminhão para tirar o lixo", diz. Rita se queixa de a balança utilizada para pesagem do lixo ter sido danificada por uma retroescavadeira. Diz que o prejuízo com a quebra do equipamento ultrapassa R$ 2 mil.
Sargento Paulo, no entanto, afirma que o uso da retroescavadeira, cedida pela Prefeitura, foi fundamental para conseguir apagar o fogo, e observa que a balança estava queimando. A máquina foi usada para remover o material, possibilitando que a água atingisse o lixo que estava mais embaixo. Ele salienta que o depósito é irregular e que o local é inadequado para o depósito.
(Roberto Patta e Lília Maris Nascimento, Jornal Ibiá, 31/01/2006)