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2006-01-31
O clima ameno, comum na maior parte de Portugal, desaparecerá até o fim do século XXI, substituído pelo forte calor no verão, neve e gelo no inverno e risco de cheias nos rios, de acordo com estudo apresentado por 60 meteorologistas portugueses.

O alerta sobre prováveis efeitos da mudança climática foi dado segunda (30/01) em Lisboa. A pesquisa também prevê chuvas mais intensas e uma elevação do nível dos oceanos, com a conseqüente perda de território.

A mudança climática afetará o turismo, um dos setores fundamentais para Portugal, que emprega mais de 5% da população, segundo o estudo chamado SIAM-II. Os autores do relatório acreditam que o forte calor pode afastar visitantes nos meses de verão, sobretudo no sul do país. Mas também poderá criar oportunidades no inverno.

Os resultados do SIAM-II indicam uma concentração das chuvas, inclusive torrenciais, entre dezembro e fevereiro, o que aumentaria o risco de enchentes, sobretudo no norte do país.

O aumento do nível dos oceanos agravaria o fenômeno erosivo e favoreceria as inundações por limitar a capacidade de escoamento dos principais rios, como o Tejo ou o Douro, para o Atlântico. Os modelos examinados no SIAM-II apontam ainda que, no fim do século, aumentarão substancialmente os dias "muito quentes". No sul de Portugal, as temperaturas poderiam subir acima dos 35ºC, sobretudo no interior. Também deve crescer o número de noites tropicais, com temperaturas que ultrapassem 20ºC.

As alterações climáticas podem causar também uma redução de mais do 30% das precipitações no sul e agravar os atuais problemas de abastecimento de água. Os autores do estudo destacam que, no último quarto de século, foi registrado um aumento significativo das temperaturas médias, tanto máximas como mínimas.

Nos últimos 12 anos do século XX se concentram os seis mais quentes. O pior foi 1997. Os últimos 20 anos foram menos chuvosos em comparação com os anteriores, ressaltam. Outra previsão relativa ao agravamento da mudança climática se refere ao maior risco de incêndios florestais, como os que nos últimos anos destruíram cerca de 20% das florestas portuguesas.

O projeto SIAM começou em 1999. Dois anos depois, foram divulgados os resultados da primeira fase. A segunda começou em 2002 e ampliou o espectro de pesquisas para compensar algumas lacunas e incluir os dois arquipélagos atlânticos, Açores e Madeira.

Coordenados pelo professor Filipe Duarte Santos, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 61 cientistas, divididos em 11 grupos analisaram neste trabalho a mudança climática em relação a aspectos biofísicos e socioeconômicos, a recursos hidráulicos, agricultura, saúde, energia, florestas, pesca, litorais e biodiversidade.
(EFE, 30/11/06)

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