Libertados quatro funcionários da Shell seqüestrados na Nigéria
2006-01-31
Os quatro funcionários estrangeiros da companhia petrolífera Shell seqüestrados por um grupo nigeriano foram libertados segunda-feira (30/01) algumas horas depois de o Governo ameaçar realizar uma ação militar para forçar a libertação.
Os empregados, um hondurenho, um britânico, um búlgaro e um americano, foram seqüestrados em 11 de janeiro por um grupo desconhecido até agora. Os seqüestradores defendem os interesses das comunidades do delta do rio Níger, a principal região petrolífera e pertencem ao Movimento para a Emancipação do Delta do Níger (MEND, em inglês).
Danos ecológicos
A libertação foi confirmada pelo porta-voz do estado de Bayelsa, Ekiyor Welson, que disse que os estrangeiros foram levados ao escritório do governador, Goodluck Jonathan. "Eu mesmo os vi, estão com boa saúde", acrescentou a fonte, que evitou dar detalhes sobre as ações que levaram à liberdade dos reféns. As exigências incluíam a libertação de dois líderes da etnia "ijaw" presos e o pagamento de US$ 1,5 bilhão pela Shell às comunidades da área para compensar os danos ecológicos resultantes da exploração petrolífera. O porta-voz não confirmou se os seqüestradores foram atendidos.
A Shell extrai 50% do petróleo da Nigéria, o primeiro produtor africano de petróleo e o sexto exportador das nações que integram a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
Apesar da riqueza dos recursos da Nigéria, um em cada três habitantes do país vive abaixo da linha da pobreza. O contraste é mais dramático na região do delta, onde se concentra a maioria dos poços petrolíferos.
Hegemonia perversa
Na noite de Domingo (29/01) foi divulgado um comunicado dos seqüestradores e da figura mais destacada da etnia "ijaw", Mujahid Dokubo-Asari. O comunicado, assinado por Cynthia Whyte, em nome do MEND, anunciava a libertação "em poucas horas" dos seqüestrados. "Aqueles que escolheram ser parceiros da hegemonia perversa que vigora na Nigéria reconhecerão agora a necessidade de dar a César o que é de César", dizia.
Dokubo-Asari, que continua detido em uma prisão de Abuja, capital da Nigéria, disse que os seqüestrados seriam libertados graças à boa vontade dos seqüestradores e por razões humanitárias.
O jornal nigeriano Sunday Punch anunciou no domingo que o Exército tinha um plano para libertar à força os quatro estrangeiros, e estava pronto para reunir as tropas necessárias. O plano teria sido aprovado no sábado por chefes militares em Effrun, na província do Delta, um dia depois de expirar o ultimato de três dias.
A captura dos trabalhadores estrangeiros fez parte de uma onda de ataques contra instalações petrolíferas da região, a maior parte delas da Shell. As ações fizeram a empresa reduzir sua produção em mais de 220 mil barris diários de petróleo, cerca de 10% da produção da Nigéria. A Shell ainda demitiu 300 empregados.
Também houve ataques a instalações de outras companhias, como a italiana Agip e a sul-coreana Daewoo. O último, no sábado, consistiu em uma invasão à sede da Daewoo, de onde foram levados mais de US$ 250 mil.
(EFE, 30/01/06)