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2006-01-31
O desabamento do teto de um pavilhão de exposições na cidade de Katowice, no sul da Polônia, deixou ao menos 67 mortos e mais de 160 feridos. As equipes de resgate, depois de mais de 20 horas de buscas, já informaram que não esperam encontrar mais sobreviventes sob os escombros e que vão encerrar as operações.

As buscas prosseguiram noite adentro desde Sábado (28/01), quando o acidente ocorreu por volta das 17h30 (14h30 em Brasília).

"Há pouca chance de que haja pessoas [vivas] aprisionadas lá embaixo", disse o chefe dos bombeiros Kazimierz Krzowski, depois de inspecionar o local --que fica perto do subúrbio de Chorzow, nos arredores de Katowice (350 km a sudoeste de Varsóvia, capital do país).

Cerca de 1.300 pessoas, entre eles mineiros, trabalharam no resgate das vítimas. Krzowski disse que está à espera de equipamento pesado para remover os escombros do edifício. "As partes da estrutura que ainda não ruíram representam um risco."

O acidente ocorreu durante a exposição anual de pombos que acontecia na cidade. A estimativa das autoridades é de que havia 500 pessoas no pavilhão quando a estrutura cedeu ao peso da neve.

Os feridos foram levados a 15 hospitais locais. Um porta-voz do governo local confirmou que 66 pessoas morreram, mas representantes das brigadas de incêndio estimam que pode haver centenas de corpos sob os escombros.

"Não conseguimos tirar ninguém vivo ainda, só encontramos mortos", disse o membro da equipe de resgate com cães Lukasz Kusion à rede de TV polonesa TVN24. "A cada minuto, as chances [de encontrar sobreviventes] diminuem, por causa do frio."

O primeiro-ministro polonês, Kazimierz Marcinkiewicz, disse à rádio Zet que viu a última pessoa viva ser retirada dos escombros às 22h (19h em Brasília) de Sábado (28/01). O ministro polonês da Saúde, Zbigniew Religa, disse que, entre os feridos, não há ninguém que corra risco de morte.

O organizador da exposição, Andrzej Skrzys, disse que entre 11h e 13h (8h e 10h em Brasília) havia entre 7.000 e 8.000 pessoas no local.

Estrangeiros
Autoridades polonesas disseram que 14 estrangeiros estão hospitalizados no que consideraram o pior acidente ocorrido na Polônia desde a queda de um avião em 1987, próximo a Varsóvia, que deixou 183 mortos.

O criador de pombos eslovaco Daniel Dudzik disse à agência de notícias PAP que o grupo de cerca de 100 criadores eslovacos deixou a exposição duas horas antes do acidente. "Depois do almoço decidimos não voltar ao pavilhão, decidimos ir para casa. Saímos às 15h15 [12h15 em Brasília] e duas horas depois o teto caiu", disse.

Dois estrangeiros --um tcheco e um belga-- estavam entre os mortos, confirmaram as autoridades. O belga Nolmans Francis estava no pavilhão, em um espaço da empresa Bricon, que fabrica artigos para treino e cuidado de pombos. "O teto caiu na minha cabeça", disse. "Ouvi vidro quebrando. Vi o teto vindo em minha direção como uma onda (...) Tudo estava acabado em uns 10 segundos."

Luto
O presidente da Polônia, Lech Kaczynski, declarou luto oficial no país, com início às 15h (13h em Brasília) e deve durar até quarta-feira (1º de fevereiro). O presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, enviou suas condolências ao povo polonês e o papa Bento 16 dirigiu-se aos peregrinos poloneses que se reuniram Domingo na praça São Pedro para o Angelus em polonês.

"Ao saudar os peregrinos poloneses, penso no trágico acidente ocorrido em Katowice, no qual muitas pessoas perderam a vida", disse o papa. "Confio à misericórdia de Deus todos aqueles que pereceram, uno-me em espírito às suas famílias e àqueles que ficaram feridos neste acidente (...) A todos, dou minha bênção."

Pombos e neve
As equipes de resgate também retiraram dos escombros gaiolas de pombos. As aves que conseguiram escapar voavam ao redor dos membros do resgate. Os responsáveis pelo pavilhão disseram, segundo a imprensa polonesa, que a neve era retirada regularmente do teto. Os bombeiros, no entanto, afirmam que foi o peso da neve que causou o acidente.

A agência PAP informou que as investigações para determinar a causa do ocorrido já começaram. A Polônia é mais um dos países que sofrem com a intensidade do inverno mais frio das últimas décadas, com temperaturas que, em alguns países, chegaram a -30º. O frio já causou cerca de 200 mortes na Polônia, comprometendo o sistema de transporte no país e o fornecimento de combustível.

No dia 2 de janeiro, o teto de uma pista de patinação em Bad Reichenhall, na Alemanha, ruiu devido ao peso da neve, deixando um total de 14 mortos.
(Folha, 29/01/06)
Link: www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u92091.shtml

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