Tartaruga recuperada é entregue de volta ao mar
2006-01-30
Os mergulhadores do projeto Tamar precisaram de muito fôlego ontem para acompanhar a desenvoltura de Jenifer. A tartaruga da espécie Caretta caretta (cabeçuda) foi devolvida ao mar na Praia de Ingleses, Norte da Ilha de Santa Catarina. Depois de mais de um ano em fase de reabilitação, Jenifer não ficou tímida com a presença de inúmeros curiosos que lotaram a orla. E nem a falta de uma nadadeira prejudicou a desenvoltura do bebê considerado assim por ter entre quatro e seis anos de idade. A espécie dela pode viver por mais de 100 anos e chegar aos 200 quilos.
Durante a reabilitação, Jenifer engordou 16 quilos. Com seus atuais 38 distribuídos em 68 centímetros, o animal nem parecia com o que chegou ao Tamar. De acordo com o coordenador regional do projeto, Eron Paes e Lima, ela foi encontrada debilitada, com os ossos e até o casco rachados, em Porto Belo. Não fosse o socorro em 16 de dezembro de 2004, a tartaruga marinha teria morrido em poucas horas.
A recuperação de Jenifer aconteceu graças a aplicação de muito soro e vitamina. Nos últimos meses, dentro da piscina de tratamento, trocou o cardápio de doente para o de uma tartaruga saudável. Mesmo assim, seguia uma dieta de 400 gramas de peixe por dia. Com todo este ritual teve o casco calcificado.
Antes de ser entregue definitivamente ao mar, a tartaruga passou por testes de readaptação na Barra da Lagoa. E conseguiu impressionar os profissionais do projeto, mesmo sem a nadadeira dianteira esquerda. Mas nem com todos os cuidados dispensados a equipe técnica conseguiu descoberto o sexo do animal.
Segundo o veterinário que cuidou até ontem de Jenifer, Eduardo Tadashi, somente após os 25 anos de idade é possível uma definição.
- É quando elas desenvolvem características peculiares de cada sexo - diz o profissional, que batizou Jenifer por ser tartaruga uma palavra feminina.
Nadadeira vai permitir monitoração futura - Durante o dia de ontem ela foi monitorada. A partir de hoje, segue caminho em direção às águas quentes do Norte e Nordeste do país. Há expectativa é que faça o trajeto em 20 anos. Jenifer está identificada por um código colocado numa nadadeira, que servirá para ser estudada durante toda a vida.
É provável que a tartaruga tenha sido fisgada pelos anzóis de pesca industrial. Apesar de não ser uma área de reprodução desses animais, a costa Sul brasileira é corredor de passagem, durante as longas migrações, e 45% delas são capturadas em redes da pesca oceânica.
(Diário Catarinense, 28/01)