Moluscos da represa Billings podem estar contaminados por metais
2006-01-30
Moluscos gigantes voltaram a aparecer na represa Billings, desta vez nas margens do Núcleo Pintassilgo, em Santo André (região do Parque do Pedroso). Técnicos do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) estiveram no local semana passada para colher alguns dos animais para análise. Como ainda não há resultados do exames para saber se os moluscos estão contaminados, a Vigilância Sanitária alerta para riscos de que as pessoas se alimentem da espécie.
Em 2003, moluscos da mesma espécie surgiram em Ribeirão Pires. Eles estavam contaminados por metais pesados como cromo, manganês e ferro. Por isso, além de impróprio por conta dos resíduos que a espécie coletava no fundo da represa, o consumo do molusco poderia trazer complicações mais sérias à saúde. Os mariscos, de 8 a 25 cm de largura, apareceram no braço da represa localizado no Parque Milton Marinho de Moraes. Na ocasião, a espécie acabou virando alimento dos moradores locais.
Para classificar a espécie que surgiu no Pintassilgo, exemplares dos animais foram enviados pelo Semasa à equipe do professor Osmar Domaneschi, do departamento de Zoologia da USP (Universidade de São Paulo). Confirmou-se que tanto os moluscos de Ribeirão como os do Pintassilgo são da espécie Anodontites Trapesialis. Típica desse tipo de área, a espécie não é invasora e não atrapalha a captação de água. De acordo com o professor, o marisco costuma ficar preso ao lodo e ajuda a fazer a “limpeza” da represa.
O CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) de Santo André também colheu exemplares dos moluscos para análise. Eles foram encaminados para a Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), órgão ligado ao governo do Estado. A veterinária Thais Bruno Gutmann, gerente do CCZ, lembra que uma possível contaminação em animais seria resultado do mesmo fenômeno em todo o ambiente. “Se os moluscos estão contaminados por metais pesados, como aconteceu no passado, é porque o ambiente deve estar contaminado. Então, até os peixes podem oferece risco se ingeridos”, lembra a veterinária.
(Dário do Grande ABC, 26/01)