O aquecimento global fará com que o nível do mar aumente 34 centímetros até o fim do século, provocando inundações e erosão nas regiões costeiras, revelou um estudo elaborado por cientistas australianos. O documento, publicado na edição deste mês da revista especializada Geophysical Research Letters, prevê que o aquecimento global esquentará a água dos oceanos e provocará o derretimento de geleiras na Cordilheira do Himalaia e na Groenlândia.

Os cientistas australianos calculam que o nível dos oceanos aumentará em média de 28 a 34 centímetros até 2100. Pelos cálculos dos responsáveis pela pesquisa, a emissão de gases causadores do efeito estufa precisa diminuir pela metade até 2050 para que esse cenário não se confirme. “O que nós constatamos é que o nível do mar está aumentando com o passar do tempo”, relatou John Church, co-autor do estudo elaborado pela Organização de Pesquisa das Comunidades Científica e Industrial, ligado ao governo australiano.

“Isso significa que haverá aumento na incidência de enchentes das áreas costeiras quando houver tempestades. Isso causará aumento da erosão na costa e enchentes em nações insulares”, prosseguiu.

A maioria da comunidade científica acredita que os gases causadores do efeito estufa liberados na atmosfera pela atividade humana esteja fazendo com que o calor esteja sendo retido na atmosfera terrestre.

De acordo com Church, se a emissão dos gases causadores do efeito estufa não cair pela metade até 2050, “as mudanças climáticas continuarão e sua magnitude será ainda maior”. Com a análise das marés, Church informou que o nível médio dos oceanos aumentou 19,5 centímetros entre 1870 e 2004. De acordo com ele, o aumento tornou-se cada vez maior com o passar dos anos.

O nível do mar era medido anteriormente com estimativas elaboradas com base em modelos de mudanças climáticas. Diversas nações insulares já sentem o impacto do aumento do nível dos oceanos. Em Vanuatu e Papua Nova Guiné, no sudoeste do Pacífico, a elevação do nível do mar forçou centenas de pessoas a abandonar áreas costeiras vulneráveis e se mudar para áreas altas.
(JC, 27/01/06)