Associações de 30 municípios fazem parcerias para evitar contaminação e doenças por embalagens de agrotóxicos
2006-01-27
As principais entidades envolvidas com a agricultura de 30 municípios do Norte do Paraná destacam os resultados obtidos no ano de 2005, com o recolhimento superior a 90% das embalagens vazias de agrotóxicos do volume adquirido e consumido na região.
Iniciada na safra agrícola de 1997/98 por iniciativa pioneira do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de Cambé, depois de diagnosticar elevada quantidade de embalagens de agrotóxicos jogadas em carreadores e riachos, foi instalado no lixão sanitário local um depósito exclusivo para o recolhimento com a entrega direta feita pelo produtor rural, informa o engenheiro agrônomo Alcides Bodnar, da Emater.
Com o trabalho conjunto da extensão rural oficial e da administração municipal, ambos também membros do conselho e reforçado com programas estaduais de meio ambiente e agricultura, o local passou a receber embalagens vazias de diversos municípios da região. "A consolidação de resultados mais efetivos, com metas definidas e abrangência ampliada, se deu a partir da criação da Associação Norte Paranaense de Revendedores Agroquímicos, a Anpara, em 1999", destaca Bodnar.
A Anpara, que integra 50 associados dentre empresas e cooperativas, atua em 30 municípios com 36 pontos de coleta, tem uma central de recebimento, localizada na estrada da Prata, 7 mil m² para abrigar 400 toneladas de embalagens, processadas em três grandes galpões. Até fevereiro, a área coberta aumenta em 1.100 m², vindo facilitar o recebimento, processamento e armazenamento, assegura o engenheiro agrônomo Irineu Zambaldi, gerente da entidade.
Pelo levantamento operacional de 2005, a entidade registrou o recebimento 1,16 milhão de embalagens vazias que correspondem a 90% do volume vendido na região, de um total de 1,3 milhão, embora nem todas as embalagens adquiridas foram utilizadas nos municípios da região, visto que podem ter sido usadas e entregues em uma das 15 associações do Paraná, responsáveis por 65 postos de coleta no território paranaense.
Reciclagem
Depois do recebimento, as embalagens vazias são processadas em lotes para reciclagem especial na produção de novos materiais de uso não domiciliar, seja humano ou animal. Os plásticos prensados e empacotados vão para uma indústria de Maringá. O papel de rótulos e papelões de caixas seguem destino para Guarapuava. Alguns plásticos específicos e tampas, vão para o Rio de Janeiro e as partes metálicas, com destino à Piracicaba (SP).
Todas as demais embalagens contaminadas são destinadas a incineração em Suzano e Guaratinguetá, ambas em São Paulo e Barra Mansa, RJ. O custo do transporte é arcado pelas indústrias de produtos fitosanitários, através de verba específica administrada pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev). A legislação prevê penas de reclusão e multas pecuniárias de R$ 1,5 mil na incorrência da primeira vez e, se reincidente, pode dobrar de valor.
(GM, 24/01)