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2006-01-27
O Brasil ganhou ontem o primeiro ônibus urbano movido a biodiesel. Fruto de um projeto piloto do programa Riobiodiesel, ele vai circular em fase de testes no Rio de Janeiro, na linha 121, que liga a estação ferroviária Central do Brasil, no Centro, a Copacabana, na Zona Sul. Fabricado pela Volkswagen, será o primeiro de três a circular na linha usando o combustível, que será feito a partir de uma mistura de 95% de diesel de petróleo e 5% de biodiesel de soja.

O programa Riobiodiesel já tem um ônibus rodoviário e um caminhão circulando com uma mistura semelhante à que será usada no ônibus urbano. Segundo os coordenadores do programa, o ônibus em teste vai percorrer 240 km por dia, em condições normais de uso, trafegando em uma rota de trânsito intenso com grande número de passageiros.

O combustível será produzido nos laboratórios da Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/ UFRJ) e fornecido à empresa de ônibus pela Shell. A distribuidora pretende instalar um tanque para a mistura entre os dois tipos de diesel na garagem da Viação Real, concessionária da linha 121.

Na cerimônia de entrega do ônibus, o vice-presidente comercial da Shell para a América Latina, Bruno Motta, disse que o governo ainda precisa incentivar a produção do biodiesel para suprir a demanda projetada para 2008, quando a adição de 2% do combustível ao diesel derivado do petróleo se tornará obrigatória no país.

Ele lembrou ainda que são necessárias medidas de combate a irregularidades no mercado. “A exemplo do que ocorreu no álcool, a experiência mostra que ainda existem agentes que se aproveitam da situação em busca de vantagens próprias, prejudicando não somente o setor de distribuição de combustíveis e os Governos federal e estaduais, mas, principalmente, os consumidores”, afirmou.

No final do ano passado, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) realizou o primeiro leilão brasileiro de biodiesel, que garantiu contratos de 70 milhões de litros com refinarias da Petrobras. Atualmente, além da estatal, a rede de postos Ale já distribui o combustível, considerado menos poluente do que os derivados de petróleo.

Gás natural - O Brasil pode enfrentar um déficit de gás natural a partir de 2008, se “não resolver fazer nada já”, alertou ontem o diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Vitor Martins, criticando a falta de infra-estrutura de transporte e a utilização do combustível. Pensar só em energia elétrica é um equívoco. Poderíamos reduzir os custos da usina siderúrgica e da química, apenas para citar dois exemplos ”, disse.

O diretor preferiu não informar qual seria este déficit, mas avalia que o Nordeste seria a principal região atingida. Para ele, a previsão da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), que vem sendo divulgada ultimamente de faltar algo em torno de 13 milhões de metros cúbicos por dia, “não está distante da realidade”.

Apesar de não ser destinada ao Nordeste, a ANP já está preparando uma medida que visa elevar a oferta do gás natural no país por meio de uma ampliação da capacidade do Gasbol, o duto que traz o combustível importado da Bolívia. Segundo Martins, edital neste sentido deverá ser lançado em fevereiro.

A ANP já foi informada pela transportadora responsável pela parte boliviana do duto de que existe a possibilidade do aumento da capacidade chegar a até 21 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, além do volume máximo atual, que é de 30 milhões.

Segundo o diretor da ANP, a transportadora responsável pela parte brasileira do duto, a TBG, tem até 6 de fevereiro para entregar uma minuta da regulamentação para a chamada pública.

Acertada esta etapa, será lançado o edital convocando as empresas a apresentarem seu programa de ampliação do Gasbol, já contendo a perspectiva de mercado a ser atendida.
(Correio Braziliense, 26/01)

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