Ex-ministro alemão sugere bomba atômica e irrita políticos
2006-01-27
Políticos alemães condenaram na quinta-feira (26/01) as declarações do ex-ministro da Defesa Rupert Scholz, que afirmou que a Alemanha pode precisar ter um arsenal de armas atômicas para usar contra "Estados terroristas" que representem ameaça nuclear. Scholz, que foi ministro da Defesa do governo de Helmut Kohl, disse que os parceiros de Berlim e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) precisam garantir que vão "proteger a Alemanha da ameaça do terrorismo e da chantagem nuclear utilizando armas atômicas".
"Se tais garantias não forem possíveis, precisamos discutir seriamente a possibilidade de sermos capazes de responder de forma adequada à ameaça nuclear de um Estado terrorista, possivelmente até com nossas próprias armas atômicas", disse ele ao jornal Bild. Scholz não especificou que países podem representar uma ameaça à Alemanha, que com sua tecnologia nuclear desenvolveria uma arma atômica rapidamente, se quisesse.
Vários políticos alemães assumiram que ele estivesse falando sobre o Irã, e chamaram de irresponsáveis as declarações de Scholz. O presidente da França, Jacques Chirac, fez comentários semelhantes recentemente. Na Alemanha, porém, as declarações são muito incomuns, já que o país é muito sensível ao uso da força militar devido à Segunda Guerra Mundial.
"É absurdo pensar em enfrentar as ambições nucleares de certos países com armas nucleares alemãs", disse o porta-voz da oposição para a área de defesa, Paul Schaefer. "É preciso perguntar: será que os políticos iranianos e o ex-ministro alemão da defesa têm seus discursos escritos pela mesma pessoa?"
O porta-voz dos conservadores, da chanceler Angela Merkel, Bernd Siebert, disse que seu partido não concorda com as declarações de Scholz. "As propostas de Rupert Scholz refletem sua opinião pessoal, não a opinião do grupo parlamentar."
Hubertus Heil, secretário-geral dos social-democratas, que governam em coalizão com os conservadores, chamou as afirmações de Scholz de "perigosas e irresponsáveis". Uma pesquisa da emissora estatal n-tv disse que 86 % dos alemães rejeitam a idéia de utilizar armas nucleares como defesa contra Estados terroristas.
(Reuters, 26/01/06)