Cúpula do MME visita obra da eólica de Osório
2006-01-26
Às duas da tarde da última sexta-feira, 20 de janeiro, o calor solar incomodava mas ventava pouco no canteiro de obras da usina eólica de Osório. Assim o gigantesco guindaste Liebherr com lança de 112 metros operada pela Zandoná içou em minutos o 17º anel da primeira torre do parque eólico de Osório. Desta vez, a demonstração foi feita para a cúpula do Ministério de Minas e Energia, incluindo a Eletrobrás, cliente da energia a ser produzida pela Ventos do Sul, dona do empreendimento.
Pouco antes, no confortável auditório do galpão administrativo, o presidente da Ventos do Sul, Telmo Magadan, não deixou barato e avançou o sinal: considerando que antes mesmo do prazo final para a conclusão da obra, no final de dezembro de 2006, o Parque Eólico de Osório já terá “várias máquinas operando”, pediu que a Eletrobrás antecipe a compra da eletricidade gerada no parque eólico de Osório. Afinal, acrescentou Magadan, “pode ser útil devido às estiagens no Sul”.
Os executivos estatais não estavam preparados para o pedido e engoliram em seco, pois sabem o quanto é difícil atravessar o cipoal da burocracia brasileira, mais preparada para admitir atrasos do que para encarar antecipações operacionais. O único a se manifestar formalmente foi Valter Cardeal, diretor de engenharia da Eletrobrás: “O sucesso de Osório é que vai sinalizar a continuidade do programa”, disse ele, referindo-se ao Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), pelo qual a Eletrobrás se comprometeu a comprar 3300 MW de energias novas, sendo 1100 de eólica, 1100 de biomassa e 1 100 de pequenas centrais hidrelétricas. No fundo, ele quis deixar claro que os empresários do vento de Osório têm nas mãos uma séria responsabilidade e não podem falhar no cumprimento do cronograma.
Por enquanto, a obra não deslanchou. Oito dias antes, a 12 de janeiro, na visita do governador Germano Rigotto, o guindastão da Zandoná havia empilhado os primeiros quatro anéis da torre pioneira. Nos próximos 345 dias, será preciso colar 1555 anéis, instalar 75 geradores com suas respectivas 225 hélices.
Além de Cardeal, visitaram a obra Nelson Hübner, secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, chamado de “ministro” por Telmo Magadan; Ronaldo Schuck, secretário nacional de energia elétrica; Ronaldo Custódio e Antonio Vituri, diretores da Eletrosul. O diretor da Enerfin, Guillermo Planas Roca, veio direto de Madrid para o encontro, encerrado com um churrasco na Fazenda São João do Paraíso, onde a Ventos do Sul vai colocar uma dúzia de cata-ventos. Com raras exceções, todos se conhecem desde 1999, quando foram iniciados os contatos e estudos sobre o aproveitamento dos ventos do litoral gaúcho.
Por Geraldo Hasse, de Osório para O Diário dos Ventos, série exclusiva do Ambiente Já e Jornal Já – www.jornalja.com.br