Bióloga investiga o dicinodonte no Rio Grande do Sul
2006-01-26
Ele viveu há cerca de 230 milhões de anos. Ficou escondido por muito tempo.
Hoje, é objeto de pesquisa para uma jovem bióloga que está começando seu
mestrado. A estrela é um dicinodonte que foi encontrado no interior de
Paraíso do Sul no final de 2003.
Greice Martinelli, 25 anos, formou-se em Biologia pela Universidade de
Caxias do Sul (UCS) e já emendou um mestrado na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS). O amor pela paleontologia é antigo, e Greice
aproveitou para fazer o trabalho de fim do curso sobre o dicinodonte.
Com a aprovação no mestrado, a bióloga poderá descobrir mais detalhes do
animal que viveu antes dos dinossauros e sobre o local onde foi encontrado.
No estudo, ela saberá também como foi a morte do fóssil, que é o mais
completo já coletado na Região Central.
Conforme o professor Átila da Rosa, do Laboratório de Estratigrafia e
Paleobiologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), foi recuperado
cerca de 50% do bicho, que tinha o tamanho de um boi. Faltam as costelas e
uma pata. Mas o crânio e a parte dianteira estão no laboratório.
- Continuamos trabalhando em Paraíso do Sul. Ainda tem material para coletar
lá. Vou montar, descrever, saber quanto tempo ele ficou exposto antes de ser
soterrado e como ele morreu - explicou Greice.
A bióloga veio para Santa Maria após conhecer o professor Átila, que acabou
se tornando seu co-orientador. A orientação do mestrado é do professor César
Schultz, da UFRGS. Até terminar o estudo, Greice ficará bastante tempo na
"ponte" Santa Maria-Porto Alegre.
Paleontólogos querem saber como o fóssil está enterrado
Átila explica que a falta das costelas pode indicar que o dicinodonte tenha
sido morto por outro animal, que comeu estas partes.
Segundo ele, o centro do Estado é rico em fósseis. Por isso, quando alguém
encontrar algum tipo de material e desconfiar que pode ser um fóssil, não
deve mexer. Para os paleontólogos, é muito importante saber como o bicho
está enterrado, a distribuição dos ossos e se ainda estão articulados.
- É importante reconstituir estes fósseis. É a reconstituição de um passado.
É a prova que as pedras falam e estão nos contando uma bonita história. Aqui,
na universidade, nós evoluímos muito, mas ainda falta estrutura como uma
biblioteca e mais laboratórios - afirma o professor.
(Diário de Santa Maria,
25/01)