Cálculo de chuva é contestado por meteorologistas
2006-01-25
Meteorologistas contestaram ontem (24/01) a forma como a Defesa Civil calcula o volume de chuva no
Estado. Conforme o coordenador do 8º Distrito de Meteorologia, Solismar Dané Prestes, a soma da
precipitação registrada pelas 16 estações de captação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é
incorreta e não mostra a distribuição da chuva no período.
- Não podemos simplesmente somar. Seria mais correto dividir o total acumulado pelo número de
estações consultadas-, avalia Prestes.
Conforme o chefe da Defesa Civil do Estado, tenente-coronel João Luiz Soares, o cômputo diário do
que chove nos 16 municípios facilita a comparação com os dados do ano passado. A solução para a
divergência técnica será pacífica. A Defesa Civil seguirá a sugestão.
- Continuaremos somando os dados, mas a partir de agora divulgaremos a média dos dados colhidos
nas estações. Pode ficar mais claro para a população –, promete Soares.
Questão da estiagem gera divergência
A discussão não invalida a comparação entre o volume de chuva registrado em janeiro deste ano, em
relação ao ano passado. Nos primeiros 23 dias deste ano, a soma chega a 1.681,5mm - média de
105 mm. No mesmo período de 2005, a média foi de 62,25 mm. Ou seja, nos pontos de captação do
Inmet, choveu 68% a mais este ano.
- Houve mais chuva este ano, não se pode negar. Mas é preciso cuidado porque o percentual não
informa a distribuição da precipitação-, alerta a meteorologista Cátia Valente, da Central de
Meteorologia.
Distorções podem ocorrer porque regiões atingidas de forma diferente pela estiagem farão com que o
nível de chuva no Rio Grande do Sul desça ou suba. Este fenômeno ocorre até mesmo dentro de uma
mesma cidade, pois diferentes bairros registram a precipitação de modo distinto.
- O importante é não mudar o lugar da leitura e fazer a comparação com os mesmos por pontos de
captação - explica Eugenio Hackbart, diretor da Rede de Climatologia Urbana de São Leopoldo.
Hackbart aproveitou para criticar o afastamento da possibilidade de estiagem pelo governo estadual.
Segundo ele, a perspectiva para os próximos meses é de chuva abaixo da média. Neste ponto, o
chefe da Defesa Civil não buscou o tom conciliador.
- Alguns meteorologistas dizem que a estiagem continua, mas estamos tendo chuva mais intensa do
que nos anos anteriores-, insistiu Soares.
(ZH, 25/01)