Inverno russo afeta o fornecimento de gás natural aos italianos
2006-01-25
Milhões de italianos serão solicitados a reduzir a temperatura dos termostatos de seus aquecedores
e a tomar duchas - em vez de banhos de banheira - após o pior inverno registrado na Rússia nos
últimos 50 anos ter gerado uma escassez de gás natural na Itália, o terceiro maior mercado
consumidor desse combustível da Europa. O gabinete do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi
estuda medidas de emergência que devem obrigar escritórios e residências a reduzir as temperaturas
de seus sistemas de aquecimento central para 19 graus Celsius. O governo também está pedindo
aos italianos que tampem suas panelas enquanto cozinham - para preservar o calor - e que não
deixem os aparelhos de TV em modo "stand by".
Uma frente fria proveniente da Sibéria atingiu o oeste do continente há uma semana e as temperaturas
despencaram em toda a Europa. À medida que as temperaturas caíam, a Eni, a maior importadora de
gás natural da Itália, recebeu menos gás do que havia encomendado da Gazprom, a exportadora de
gás da Rússia. A Gazprom culpou a Ucrânia, por onde grande parte de seu gás é transportado para
abastecer a Europa.
"A Itália recebe seus suprimentos de combustível de outros países, pois não produz seu próprio
combustível", disse ontem (24/01) Berlusconi em entrevista concedida a uma rádio da retransmissora
estatal RAI. A Eni importa mais de 80% do gás natural que distribui, sendo que a maior parte vem da
Rússia, da Argélia, da Holanda e da Noruega, disse a empresa em seu livreto informativo de 2004.
"A medida adotada pelo governo é só para conscientizar as pessoas", disse Riccardo Monti, diretor
da divisão italiana do Boston Consulting Group. "A Itália vem protelando há anos a elaboração de um
plano para ampliar a infra-estrutura de seu setor de energia. Agora a coisa está apertando."
(Blooimberg News, 25/01)