Prejuízos da seca amenizados no Vale do Caí
2006-01-25
Os últimos dias com chuvas trouxeram alívio para os agricultores do Vale do Caí. Ao contrário de 2005, quando a estiagem trouxe prejuízos aos produtores de milho, criadores de aves e citricultores da região, as perspectivas para este ano são bem melhores. As boas notícias vêm do governador Germano Rigotto. Na segunda-feira (23/1), ele afirmou que o nível de precipitação no Rio Grande do Sul já não compromete mais as safras de milho e soja, mesmo caso haja seca nos próximos meses.
No Estado choveu, neste mês, o equivalente a 30% a mais do que a média histórica de janeiro. Em Montenegro, nestes primeiros 24 dias do ano, o nível de precipitação foi de 156,5 milímetros a mais que no mesmo período de 2005. De acordo com dados da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), até ontem, o pluviômetro marcou 233,5 milímetros de chuvas no município. Em janeiro de 2005, foram registrados 77.
O técnico agrícola da Emater, João Carlos Kuhn, acredita que ainda não se recuperou totalmente o nível de água em açudes e rios da região. Kuhn, porém, frisa que, caso as chuvas continuem por mais alguns dias, a tendência é de recuperar 100%. "Talvez não dê mais seca este ano", diz.
Chuvas como a de segunda-feira, que duraram a manhã inteira e com volume de água constante, talvez não se repita mais este mês. Segundo o 8º Distrito de Meteorologia de Porto Alegre, esta quarta-feira será de tempo nublado novamente. Algumas pancadas de chuvas estão previstas para todo o Estado, principalmente nas regiões Norte e Centro. Conforme os meteorologistas, podem ocorrer rajadas de ventos. A velocidade, entretanto, não é informada pelo 8º Distrito.
Os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que descartam a possibilidade de seca como a ocorrida no verão passado, também trazem alívio para as cidades. Em 2005, nesta mesma época do ano, 218 municípios estavam em situação de emergência, inclusive Pareci Novo. Desta vez, apenas 12 analisam se há necessidade de decretar emergência. Os registros diários feitos pelo Inmet em 491 cidades do Estado, mostram que o volume de chuva chegou a 1.619,9 milímetros, 620 a mais que no ano passado.
Agricultores descartam "fantasma" da seca
Até sábado, Montenegro e cidades vizinhas estarão cobertas por nuvens carregadas, o que pode trazer novas chuvas. Bom para a produção de milho, plantações de citros e criadores de aves. Bom para o agricultor, que terá apenas lembranças, e nada agradáveis, da estiagem que assolou o Estado no início de 2005. "Com certeza, seca como a do ano passado não teremos. Estamos longe daquele fantasma", comemorou o citricultor Pedro Ulerich, 45 anos, proprietário de terras na localidade de Santos Reis, onde também planta milho.
Em 2005, Ulerich perdeu cerca de 50% da plantação de citros. No milho, o produtor afirma que a quebra foi quase total. Este ano, sem estiagem, a produção será bem maior. Inclusive os açudes já estão cheios. "Estou na beira de um dos açudes. Ele está quase cheio", disse, com a esperança de que, em fevereiro, as chuvas também se repitam. "Que não venha a seca".
De acordo com o diretor de Fomento Agropecuário da Secretaria Municipal da Agricultura e Meio Ambiente (SMAMA), Paulo Ricardo Veríssimo da Silveira, as precipitações amenizaram a situação nas lavouras. Sem graves prejuízos, a maior dificuldade estava nas plantações de milho, acácia e melancia, no caso dos produtores que plantaram tarde. Alguns criadores de peixes também foram prejudicados. "Sobrado, Serra Velha e Bom Jardim foram as localidades mais atingidas pela falta de chuva. Agora, a situação está estabilizada", resumiu Silveira.
Tempo ameniza situação no município
Os viveiristas já não escondem a satisfação. Porém, olham para o céu e pedem mais chuvas. Depois de enfrentar dias de falta de água, o município conseguiu recuperar poços artesianos com a ajuda da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). O racionamento acabou e as chuvas renovaram o ânimo dos produtores. "Nosso açude está cheio, derramando água", frisou a viveirista Adriana Elisabete Nunes.
A felicidade de Adriana tem justificativa. Ela e o marido, João Batista de Souza Nunes, plantam cerca de 2.000 mudas por semana. Elas ficam prontas para serem colocadas a venda no meio do ano. As chuvas dessa semana e da anterior fazem o casal esquecer 2005, quando a família sofreu com a falta de água no único açude que possuem, nos fundos da propriedade, às margens da RS 124. "Essa chuva é uma maravilha. Amenizou a situação. Seca, agora, só se for em fevereiro. Por mim, pode chover até mais", ressaltou Adriana.
O prefeito em exercício, Almiro Leifheit, descartou ontem um novo racionamento de água. De acordo com Leifheit, a situação da cidade é "normal". "O temporal (no início da semana passada) destruiu estufas, mas não foi nada grave. Vamos ajudar a quem precisa", afirmou. (Ibiá, 25/1)