Eólica de Osório promete “impacto ambiental mínimo”
2006-01-25
O relatório sobre o impacto ambiental da usina eólica de Osório não está disponível para o público na biblioteca da Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam), em Porto Alegre, mas os responsáveis pela obra garantem que tomaram todos os cuidados prévios para interferir o mínimo possível na vida da zona rural do município, onde serão construídos os 75 cata-ventos projetados, afetando uma área total de 3845 hectares pertencente a 15 proprietários. Por segurança, é de 250 metros a distância mínima entre os cata-ventos. Além disso, por exigência da Fepam, foi deixado um espaço de 1000 metros entre as únicas duas linhas paralelas de geração. Segundo Telmo Magadan, presidente da Ventos do Sul, “uma das vantagens da localização do parque eólico de Osório é que ele não está na rota de aves migratórias”.
No escritório do canteiro de obras, um documentário eletrônico preparado para visitantes minimiza os efeitos da usina sobre o meio ambiente. O giro lento das hélices (no máximo 22 rotações por minuto), por exemplo, não produzirá ruído significativo nem afetará a vida animal nas redondezas, diz o videotexto. Com vento muito forte, “as hélices podem fazer um barulho assim: vu-vu-vu”, admite um engenheiro da Elecnor. Isso pode perturbar algumas formas de vida. Fazendeiros já foram avisados de que eventualmente pode aumentar o índice de aborto entre as vacas por uma espécie de estresse desconhecido nos campos do Sul.
Como sinal de que está disposta a jogar aberto, a Elecnor decidiu construir no parque eólico um centro de recepção onde ambientalistas e técnicos poderão acompanhar diversos estudos sobre o meio ambiente, a começar pelo regime dos ventos e as variações do clima local e regional. Mesmo após o final da construção, continuará sendo feito o monitoramento de mamíferos, morcegos, aves e anfíbios no perímetro do parque. Também será avaliado o comportamento da água no subsolo (nível freático, no jargão técnico). Há também uma promessa de ajuda à prefeitura na administração de problemas ambientais.
Por Geraldo Hasse, de Osório para O Diário dos Ventos, série exclusiva do Ambiente Já e Jornal Já – www.jornalja.com.br