OMS nega ter exagerado ao alertar sobre ameaça da gripe aviária
2006-01-24
A Organização Mundial da Saúde (OMS) negou segunda-feira (23/01) ter supervalorizado o risco de que surja uma pandemia de gripe entre a população do globo e defendeu a implementação de um sistema de vigilância melhor para detectar o vírus da gripe aviária o quanto antes. "O exemplo da Turquia, onde crianças ficaram doentes quase ao mesmo tempo em que se confirmava o aparecimento da doença em aves do país, mostra a necessidade urgente de desenvolver algum tipo de sistema de alerta", disse Lee Jong-Wook, diretor-geral da OMS.
O vírus H5N1 (da gripe aviária) matou ao menos 80 pessoas em seis países desde o final de 2003. As vítimas contraíram o vírus no contato com aves doentes, mas há temores de que o H5N1 adquira a capacidade de passar de uma pessoa para outra facilmente, provocando uma pandemia. "Há suspeitas de que teríamos dado destaque excessivo a essa ameaça. Não fizemos isso", disse Lee, no discurso de abertura de um encontro do quadro executivo da OMS, que se reúne em Genebra por uma semana.
Sem aviso prévio
"Apenas se levarmos essa ameaça a sério agora e se nos prepararmos adequadamente, poderemos reduzir o devastador impacto humano e econômico de uma pandemia. Esse é um problema mundial", afirmou. A agência de saúde da Organização das Nações Unidas (ONU) prevê que entre 2 milhões e 7,4 milhões de pessoas podem morrer se a pandemia disseminar-se pelo mundo.
A Turquia registrou 21 casos de gripe aviária, incluindo quatro crianças que morreram. Mas, segundo a OMS, o número de casos entre os moradores do país parece estar diminuindo depois de o governo ter sacrificado um grande número de aves e ter realizado campanhas educacionais.
Ao contrário do que aconteceu no leste da Ásia -- onde surtos entre as aves surgiram muito antes dos casos entre os seres humanos --, o "traço singular" da doença na Turquia foi que os casos entre as pessoas apareceram "quase sem o aviso prévio da contaminação entre as aves", disse Lee. "Uma pandemia pode surgir após pouco, ou mesmo nenhum, sinal do lado animal." O surto na Turquia também mostrou o quão rapidamente as autoridades nacionais, com o apoio de especialistas internacionais, podem mobilizar-se para enfrentar a crise, afirmou Lee.
(Reuters, 23/01/06)