Carvão tem espaço para crescer no Rio Grande do Sul
2006-01-23
Mesmo com o sucesso das usinas Jacuí I e Candiota 3 no último leilão de energia
do governo federal, ocorrido em dezembro, outros empreendimentos a carvão podem
ser implementados no estado. Conforme o secretário executivo do Ministério
de Minas e Energia, Nelson Hübner, os projetos gaúchos Seival e CTSul podem
ser viabilizados, desde que tenham um preço competitivo na geração de energia.
Jornal do Comércio – Há espaço para que mais termelétricas gaúchas a carvão
sejam vencedoras nos próximos leilões de energia?
Nelson Hübner – A base da matriz energética brasileira é hídrica, mas cada
vez mais aparecem dificuldades para implantação de hidrelétricas. Existem
poucas alternativas de empreendimentos que não tenham um impacto ambiental
maior e isso faz com que os custos das usinas cresçam. O sucesso de empreendimentos
térmicos é possível e dependerá do equacionamento financeiro e tecnológico
dos projetos para torná-los competitivos nos leilões.
JC – Como serão as modalidades de disputa nos leilões de energia este ano?
Hübner – Estamos discutindo no governo a formatação de um leilão específico
só com hidrelétricas para atender o mercado de 2011 e certamente teremos um
leilão só para termelétricas, mais a complementação da demanda de 2009. É
o leilão chamado A-3, ou seja, é feita a avaliação de três anos futuros,
ajustada a previsão a previsão de mercado das distribuidoras e, havendo a
necessidade, é realizado o leilão de ajuste. Esse leilão é típico para a
disputa de termelétricas que podem ser construídas mais rapidamente do que
hidrelétricas.
JC – Qual a avaliação do sistema de transmissão de energia do país?
Hübner – Quando assumimos o governo, fizemos essa avaliação e verificamos
alguns gargalos que procuramos solucionar. Os últimos leilões de transmissão
nos permitiram dar uma segurança muito grande ao sistema. Quando tivemos
problemas de suprimento no Rio de Janeiro e Espírito Santo, reforçamos o sistema.
NO Rio Grande do Sul, ocorriam problemas sérios quanto à transmissão. Com as
linhas e as subestações que estão entrando em operação, está havendo uma
estabilidade muito grande. Quando Angra 1 e 2 saíram do sistema, a população
brasileira não sentiu. Toda a operação foi feita adequadamente.
JC – Em que etapa está o projeto de implantação de uma linha de transmissão
ligando o Rio Grande do Sul ao Uruguai?
Hübner – Os uruguaios discutem conosco há muito tempo essa questão, mas isto
não tinha viabilidade até pouco tempo. Com esse último leilão de usinas, que
viabilizou a construção de Candiota 3, a termelétrica terá que ser conectada
ao sistema e, com isso, abre a perspectiva de ter essa ligação com o Uruguai.
JC – Existe um prazo para iniciar a construção dessa linha?
Hübner – O empreendimento vai caminhar paralelamente ao cronograma de Candiota 3.
A previsão da termelétrica é de fornecer energia a partir de 2010. Portanto, para
esse ano precisará ser providenciada toda a estrutura de linhas de transmissão
que interligará Candiota 3 ao restante do sistema. Também será necessário o
reforço das linhas do lado uruguaio para permitir a conexão até Montevidéu.
JC – Qual a sua opinião sobre a primeira Fase do Programa de Incentivo às
Fontes Alternativas de Energia (Proinfa) e a previsão sobre a segunda etapa
do programa?
Hübner – Será feita uma avaliação sobre a primeira fase. Quando o Proinfa foi
concebido, as duas etapas eram distintas. No início, o Executivo fixou um
valor para a enegia e não foi realizada uma licitação. Na segunda etapa não
será mais dessa forma, será um processo mais competitivo. É necessário determinar
como será a seleção dos empreendimentos. Precisamos avaliar, com os dados da
primeira fase, questões como custos reais, a instrodução da tecnologia no
país e outros fatores. Não vamos antecipar a segunda fase enquanto não
avaliarmos a primeira etapa. (JC, 23/01)