Clones salvam espécies de plantas ameaçadas de extinção
2006-01-23
O agrônomo Roberto Takane é mais do que apenas um produtor de orquídeas da região de Atibaia. É ele que coordena o Laboratório de Clonagem da Faculdade da Cantareira, em São Paulo, de onde ajuda a disseminar a técnica e a criar clones de plantas ameaçadas de extinção. “A clonagem está permitindo salvarmos espécies e disseminarmos plantas ornamentais, sem prejuízo à natureza. E, o mais importante, transformar em receita para aqueles que se dispõem a investir na floricultura brasileira.”
A sua família é um exemplo dessa possibilidade. Há nove anos, as turbulências envolvendo a Cotia, que foi uma das maiores cooperativas de aves e ovos que o País conheceu, fizeram com que sua família desistisse do negócio e transformasse os seis galpões de engorda de frangos e galinhas poedeiras em estufas para cultivar flores. E são as orquídeas as que mais merecem os cuidados de Takane. “A minha paixão são as catléias, só que elas levam sete anos para dar a primeira florada, o que desestimula os produtores. E este é um prazo que a clonagem da planta não altera, apenas garante que você terá a mesma planta, com a mesma flor, e com o perfume característico. Só que mais resistente, pois só as melhores são usadas para clonagem.”
Takane explica que o processo de clonagem, embora sofisticado, é razoavelmente simples, o que facilita a produção. “É preciso retirar o meristema da planta, que é a sua célula-mestre, e duplicá-lo em laboratório, até germinar. Depois, levar essas pequenas mudas para estufas, chamadas berçários, onde recebem os primeiros cuidados até seguirem o processo de produção em série.”
Nos seis viveiros, ele tem milhares de vasos e mudas, mas garante que ainda são insuficientes para exportar e manter o fluxo. “É preciso ter mais de 1 milhão de vasos para garantir a entrega mensal de 10 mil, pois o consumidor só compra quando vê a flor.”
O espantoso, diz Takane, é que depois da primeira florada, todos os anos a planta dá a flor, mas aí quem a compra muitas vezes joga fora após a flor murchar. É o preço da beleza e vale também para aquelas, como a popular chuva-de-ouro (Oncidium) que leva quase dois anos para a primeira florada.
(Agência Estado, 22/01)