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2006-01-23
Em menos de três anos, 80 mil hectares de florestas no oeste do Pará deram lugar a plantações de soja, que tiveram produção superior a 4 milhões de sacas e faturamento de R$ 300 milhões, duas vezes o orçamento de Santarém. O custo desse progresso, porém, é contestado por movimentos sociais e indigesto para pequenas comunidades da região que há décadas sobrevivem da pesca e da roça no interior da floresta. E as terras, em sua maioria, pertencem à União e ao Estado do Pará.

Entidades sociais apontam uma disputa entre plantadores de soja de Mato Grosso e madeireiros de Paragominas, que acusam de devastar florestas do leste do Pará, por uma extensa área do planalto santareno, no oeste do Estado. Dizem que 500 famílias de pequenos agricultores já foram expulsas nos últimos dois anos por pistoleiros.

Os grileiros, segundo ativistas, agem como se fossem donos da terra. Fecham estradas e constroem guaritas. “A impunidade é total, a floresta está sendo destruída, posseiros tradicionais são retirados à força, mas só os movimentos sociais organizados e sindicatos de trabalhadores rurais têm coragem de denunciar o que está ocorrendo no oeste paraense”, afirma Eldenilson Monteiro, da Caritas Brasileira, entidade com forte presença no meio rural paraense, ao lado da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Quem resiste às pressões para deixar as terras, segundo as entidades, acaba numa lista de marcados para morrer. A diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém Maria Ivete Bastos já denunciou várias ameaças de morte e, temendo uma emboscada, anda sempre com um grupo de agricultores. A polícia, reclama, não toma nenhuma providência.
(O Estado de S. Paulo, 22/01)

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