Mudará o sistema de reciclagem em Porto Alegre
2006-01-23
A atividade dos catadores de materiais recicláveis poderá sofrer consideráveis mudanças nos próximos meses em Porto Alegre. Com o objetivo de reduzir a quantidade de carroceiros e carrinheiros nas ruas da Capital, a prefeitura está propondo a entidades e a associações de catadores a transferência deles para novas unidades de triagem. Hoje, as entidades estarão reunidas para organizar um calendário de encontros com a prefeitura e debater o tema.
De acordo com o secretário municipal de Gestão e Acompanhamento Estratégico, Clóvis Magalhães, a idéia é reduzir a circulação dos veículos utilizados para o transporte dos materiais no meio urbano, minimizando riscos à segurança no trânsito. Nas novas unidades de triagem, que seriam construídas, os catadores receberiam o material coletado nas ruas pelos caminhões do DMLU e fariam a separação de acordo com o tipo do produto - plásticos, papel, vidro, isopor, garrafas plásticas. Atualmente, o trabalho é realizado em 14 unidades espalhadas pela cidade.
Segundo o DMLU, cada centro é gerenciado por uma cooperativa e o dinheiro da comercialização é dividido entre os integrantes. Hoje, cerca de 700 famílias são beneficiadas no processo. A proposta, segundo Magalhães, integra a reestruturação total do sistema de limpeza urbana da cidade. "Não posso considerar a idéia aceita, mas não está de todo rejeitada." Para conquistar o apoio das entidades em favor da mudança, a prefeitura vai garantir a manutenção do trabalho e da renda.
O secretário argumentou que a falta de regulamentação da atividade resulta em forte concorrência entre os que atuam na coleta do material, riscos ao trânsito e prejuízos ao meio ambiente quando o material que resta é descartado em locais impróprios. Um exemplo de prejuízo ambiental e inclusive visual é o que ocorre embaixo da elevada da Conceição, na confluência da Voluntários da Pátria com a Farrapos, onde um grupo de catadores já fixou sua base e até moradia, inclusive com fogão. Isso torna o local um péssimo cartão-postal da cidade.
O coordenador da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis do Movimento dos Moradores de Rua, Ivani Claudio Müller, vê com receio a proposta da prefeitura de construir unidades de triagem. Ele informou que na sua associação chegou a faltar material para o trabalho por atraso no recebimento. Para ele, que coordena 52 pessoas, a atuação do DMLU precisa ser mais focada nas fontes geradoras para não comprometer o fornecimento dos materiais a associações e cooperativas. Não há dados exatos sobre o número de carroceiros e carrinheiros na cidade. Embora a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) tenha 4 mil veículos emplacados e cadastrados, estima-se que o número deve ser bem maior. (CP, 23/1)