Chávez prioriza investir bilhões na construção de gasoduto de 7.000 Km
2006-01-20
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou em Brasília que a estatal do petróleo venezuelana PDVSA está disposta a contribuir com "vários bilhões de dólares" no financiamento de um gasoduto de 7.000 km que deve levar gás do Caribe aos pampas argentinos. O projeto faraônico, que Chávez discutiu quinta-feira (19/01) com os colegas do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Néstor Kirchner, deve custar 20 bilhões de dólares.
Porém, nem o valor elevado nem o prazo de cinco a sete anos estimado para a conclusão dos trabalhos assustam Chávez, que revelou que algumas empresas asiáticas estão interessadas. Lembrou que, com os atuais preços do gás, o investimento seria recuperado em cinco anos. "Isso (os US$ 20 bilhões) não é nada. Há empresas asiáticas, por exemplo, que já manifestaram interesse apenas por termos anunciado a idéia", disse o presidente venezuelano à imprensa na Base Aérea de Brasília.
Ao ser questionado sobre o nome das empresas, respondeu: "Há empresas chinesas, não sei o nome agora, interessadas em um duto entre o Orinoco venezuelano e o Pacífico colombiano, que querem conhecer este projeto". "Estou seguro de que sobrará dinheiro. Investiremos uma parte, nos Estados, até onde pudermos; a PDVSA vai investir algo em torno de vários bilhões de dólares", destacou.
Chávez admitiu que o projeto ainda está em fase de estudos técnicos, mas possui alta prioridade. "O que importa para nós é que este gasoduto é vital, e que faz parte da nossa proposta de construir um cone energético sul-americano", disse. "Tudo isto será recuperado em cinco anos, dependendo do preços. Agora, como o petróleo está em alta, o gás também está em alta. Para os que tenham dólares é bom investir aqui", aconselhou.
A Venezuela possui a maior reserva de gás da América do Sul e a oitava do planeta, oficialemente avaliadas em 4,15 bilhões de metros cúbicos. O gasoduto descerá do Caribe até as cidades venezuelanas de Puerto Ordaz e Santa Elena de Uairén, que fazem fronteira com o Brasil; deste local seguirá para Manaus, na Amazônia brasileira, onde se dividirá em dois ramos: um até o nordeste brasileiro (Recife, Pernambuco) e outro até Brasília, de onde desviará para o Rio de Janeiro e prosseguirá até o Uruguai e a Argentina, explicou Chávez.
Em alguns trechos será conectado a dutos já existentes. O braço até Buenos Aires terá 7.000 km.
Chávez disse que pretende propor a integração da Bolívia ao projeto, já que este país possui a segunda maior reserva de gás sul-americana, para construir "pólos de desenvolvimento" que sejam complementares.(AFP, 19/01/06)