Lagoa Verde: Projeto de cemitério no entorno gera polêmica ambiental
2006-01-19
Um projeto polêmico deverá ser novamente discutido pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema) em seu próximo encontro, marcado para terça-feira, às 9h, na sala de reuniões da Prefeitura Municipal. Trata-se do projeto de implantação de um cemitério em uma área do entorno da Lagoa Verde.
De acordo com informações do presidente do Conselho de Defesa do Meio Ambiente (Condema) e secretário municipal do Meio Ambiente, Norton Gianuca, o Conselho já fez uma primeira análise da proposta e inicialmente se posicionou contrário. No entanto, o autor do projeto, Volnei Avelin, da Funerária Vale do Paz, se propôs a fazer adequações e o Condema resolveu aguardar a complementação para voltar a discuti-lo.
Até ontem (18/1), o autor não tinha apresentado o projeto com as modificações, mas se o fizer até terça (24/1), o Conselho vai voltar a analisá-lo.
A implantação de um cemitério no entorno da Lagoa Verde desagrada moradores e o Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (Nema). O oceanólogo Kléber Grübel da Silva, do Nema, diz entender que é necessária a criação de mais um cemitério na cidade, mas é contrário à sua realização no entorno da Lagoa Verde. "Enquanto não houver um plano de gestão da Área de Preservação Ambiental (APA) desta lagoa não deve ser feito nenhum grande empreendimento nesta área", observou.
O oceanólogo acrescentou que a idéia da APA é transformar aquela área em um pólo de desenvolvimento de turismo ecológico, o que é incompatível com um cemitério. Silva propõe a realização de uma audiência pública para discutir o assunto.
Elton Pinto Colares, um dos moradores do local, também é contrário ao projeto. Ele observa que a APA tem como uma de suas metas o turismo ecológico e que o Cassino necessita do turismo. Em função disso, acha que um cemitério no entorno da Lagoa Verde e na entrada do Cassino "é ilógico". "Há outras várias áreas em Rio Grande para construção de cemitérios. Neste local vai causar uma má impressão na entrada do Cassino e inibir o ecoturismo na Lagoa Verde. Haverá um cemitério onde o turista vai passar", justificou Colares. Lembrou ainda que moradores que vendem verduras e criadores de gado de corte e leiteiro também podem ter prejuízos.
A intenção é construir o cemitério em uma área pertencente à Beneficência, em frente à RS-734, fundos para a Lagoa Verde. Segundo informações dadas ao Condema, o novo cemitério seria vinculado à Beneficência, com utilização dos recursos gerados para o reerguimento do hospital, que está fechado. "O empreendimento não ficaria visível da estrada, teria um cortinamento vegetal em seu entorno e ficaria a 11 metros de distância da rodovia e mais 15, conforme exigido por lei", contou Gianuca.
O responsável pela proposta disse que em qualquer área os moradores serão sempre contrários, pois há preconceito em relação a cemitério.
Ele relatou que está procurando adequar o projeto ao meio ambiente, tanto que já tem aprovação da Fepam, com a orientação de adequação às determinações do Condema.
Avelin destacou que no dia 24 estará apresentando a proposta com a complementação ao Conselho. O gerente regional da Fepam, Geremias Vargas de Mellos, informou que foi concedida licença prévia para o empreendimento. E a licença de instalação está condicionada ao atendimento das determinações do Condema. (Carmem Ziebell, Agora, 19/1)