A utilização de agentes biológicos por grupos terroristas contra alvos ocidentais constitui uma ameaça mais grave do que a de ataques nucleares, afirmou nesta terça-feira uma fonte americana da luta antiterrorista. "Nós falamos de grupos como Al-Qaeda, que combinados com armas de destruição em massa (ADM) podem ter um impacto grande. Eu acredito que a possibilidade de grupos terroristas utilizarem ADM (contra alvos ocidentais) é muito elevada", destacou Henry Crumpton, responsável da luta antiterrorista no Departamento de Estado, em uma entrevista publicada pelo jornal britânico Daily Telegraph.

"É uma questão de tempo. A ameaça nuclear não é a única coisa que nos preocupa, acredito que a ameaça biológica aumentará", acrescentou, ressaltando que a luta contra o terrorismo vai durar décadas. Crumpton, um ex-ministro da Agência Central de Inteligência (CIA), recordou que depois da intervenção americana contra o regime talibã, no final de 2001, as forças aliadas descobriram que a Al-Qaeda trabalhava em programas de ataques contra o Ocidente com o bacilo do antraz.

"Eles contrataram os serviços de um biólogo especializado no assunto. Não há motivos para pensar que tenham descartado seus objetivos", continuou. Em seguida lembrou que o temor de que os grupos terroristas possam comprar ADMs, através de Estados como o Irã e a Síria, é um dos elementos que fortalecem a atual determinação americana frente ao programa nuclear iraniano.

As autoridades iranianas retomaram há uma semana as atividades de enriquecimento de urânio, afirmando que as mesmas têm fins pacíficos, o que é refutado pelos ocidentais.(AFP, 17/01/06)