Santa Catarina: poluição mata milhares de peixes em Treze Tílias
2006-01-18
A Polícia Ambiental de Herval do Oeste já encaminhou ao Ministério Público Estadual (MP) relatório sobre a poluição no rio Caçadorzinho, em Treze Tílias, no Meio-oeste catarinense. Desde a semana passada, milhares de peixes morreram no local, que apresentava uma espessa espuma branca e água escura. Policiais também vistoriaram todo trecho entre a cascata Frozza e a empresa de laticínios Tirol, localizada a cerca de um quilômetro, causadora da poluição que estragou o visual daquele que é considerado um dos pontos turísticos naturais mais bonitos da cidade e recebe milhares de visitantes todos anos.
Na vistoria, os policiais encontraram o problema em toda extensão, até o ponto de descarga de efluentes da empresa. Acima deste ponto, a água apresenta-se em condições normais. "Deste ponto para baixo, parece um lodo", explica o sargento Nereu Lins, que informou ao ministério público que a empresa de laticínios não fez as adequações necessárias para sanar o problema já verificado em outras oportunidades.
A descarga provocou aparecimento de peixes mortos de várias espécies, em toda sua extensão. A empresa já foi autuada pelo mesmo problema, e agora o novo relatório será anexado ao processo.
Ontem, o engenheiro químico Ivan Sganberla, que foi contratado pela Tirol para dar assistência na melhora do processo de tratamento de efluentes, admitiu que o problema foi provocado pela descarga indevida de material orgânico no leito do rio Caçadorzinho.
Segundo ele, para acelerar o processo de decantação, no mês passado a empresa contratou máquinas para retirar a gordura superficial na primeira lagoa da estação de tratamento. O trabalho acabou provocando rompimento da lagoa e a conseqüente vazão para outros pontos do processo. "Como aumentou a carga de material orgânico, o excesso transbordou sem depurar por completo e chegou ao riacho", admitiu.
Conserto - Além disso, explica Sganberla, a estiagem que assola a região também contribuiu para a mortandade dos peixes. "Se o volume de água fosse um pouco maior, o material não tinha se concentrado tanto", assegura o engenheiro.
A Tirol já consertou a lagoa com problema e está comprando equipamentos de aeração que serão utilizados para aumentar a eficiência da estação de tratamento. "A intenção é fazer com que a carga de resíduos se auto-depure e, para provar sua eficiência, vamos criar peixes na última lagoa de decantação", finaliza Sganberla.
(A Notícia, 18/01)