Radiação ultravioleta está extrema há 12 dias
2006-01-18
O céu está claro, praticamente sem nuvens e com baixa turbidez há 12 dias, sem previsão de mudança nos próximos quatro dias. Verão melhor é impossível, diriam cariocas e turistas que aproveitam as praias do Rio. Mas os dias de sol aparentemente perfeitos estão escondendo a ameaça dos raios ultravioleta. Segundo o Departamento de Meteorologia da UFRJ, justamente devido às condições do tempo, a cidade está exposta a níveis extremos de radiação por um período quatro vezes acima da média, mesmo na estação mais quente do ano. Os índices, que são medidos numa escala de 0 a 20, ultrapassam o valor 11 (considerado extremo) desde o dia 6.
— Normalmente os raios se mantêm nessa intensidade por apenas quatro dias, até que alguma alteração na atmosfera, como nebulosidade ou poeira, reduza a incidência. Devido às atuais condições estáveis, o Rio ainda deve ficar exposto a índices extremos de ultravioleta por mais quatro dias — explica o meteorologista Luiz Maia.
Ontem (16) a cidade estava exposta ao grau 13, considerado altíssimo. O dermatologista Abdiel Figueredo Lima, diretor da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), explica que, nessas condições, a única saída é ficar longe do sol:
— Alertamos que, diante de um nível de radiação intenso por tantos dias, a proteção seja ainda mais bem feita. É o momento de usar filtros com o maior fator de proteção e de evitar exposição ao sol ao meio-dia. Nessas condições de tempo, a praia só é recomendada antes das 11h e depois das 16h, sempre com filtro solar. Quem não respeita essas regras corre o risco de sofrer desde queimaduras até uma danificação das células, que provoca o envelhecimento precoce e potencializa as chances de câncer da pele.
Ontem, na Praia de Ipanema, nenhum banhista entrevistado por repórteres do GLOBO estava sem protetor solar. Muitos se protegiam na sombra.
— Uso fator 45 no rosto e 35 no corpo. Como pego onda na Califórnia, estou acostumado a me proteger. Mas tenho medo da intensidade dos raios no Brasil. Aqui é muito quente — disse o turista americano Ambrose Calcagno, de 35 anos.
(O Globo, 17/01)