A praia de São Conrado (zona sul do Rio) amanheceu ontem com uma série de línguas negras. Em Ipanema e no Leblon (zona sul), o dia, apesar do sol forte, também não foi bom para o banho de mar. Nas duas praias, a água amanheceu repleta de sujeira, que a deixou com um tom esverdeado escuro. Segundo o presidente da Serla (Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas), Ícaro Júnior, as línguas negras em São Conrado não foram formadas pelo esgoto que vem das favelas da Rocinha e do Vidigal.

Em 2005, o órgão investiu R$ 16 milhões na construção da estação de tratamento de esgoto para o bairro. Ao inaugurar a obra, a governadora do Rio, Rosinha Matheus, anunciou o fim das línguas negras no local, que sempre apareciam com as chuvas. Desta vez, ela apareceram sem as chuvas: há nove dias consecutivos faz sol. Com a estação, o esgoto, após tratado, passou a ser lançado no mar, a uma distância de 400 m da areia. Mas Júnior não descartou a possibilidade de as manchas terem sido formadas por detritos despejados clandestinamente na rede de galeria de águas pluviais.
(Folha de S. Paulo, 18/01)