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2006-01-18
Nascido em 1921 em Porto Alegre, José Arthur Raupp plantou arroz em Viamão, Gravataí e Santo Antonio da Patrulha antes de comprar uma vasta porção de terras boas para plantar e criar junto à Lagoa dos Barros, nas proximidades de Osório, onde se estabeleceu em meados da década de 1950. Até hoje, por mais que se divulgue o nome da Fazenda São João do Paraíso, a propriedade de 1300 hectares é conhecida popularmente como “os Raupp”.

A fama vem da operosidade da família. Tanto na criação de gado quanto na produção de arroz os Raupp sempre procuraram estar em sintonia com o progresso de Osório, uma região sem indústrias, tida como “lugar de passagem” entre Laguna e Santo Antonio da Patrulha (no século XVIII) e entre Porto Alegre e as praias do Atlântico Sul, desde os anos 1940.

Nos anos 70, os Raupp viram suas terras beneficiar-se do traçado definitivo de estradas importantes como a RS-30 (Osório-Tramandaí), a BR-101 (Natal-Osório-São José do Norte) e a BR-290 (Osório-Porto Alegre-Uruguaiana). Em 1990, eles cederam de bom grado um pedaço de suas terras para a passagem da Estrada do Mar, que vai de Osório a Torres. E agora tiveram a sorte de — pelo menos assim parece — ganhar na loteria do vento.

Ao participar das primeiras negociações com os fundadores do parque eólico de Osório, no início do século XXI, o velho Raupp não aceitou o pagamento de uma taxa fixa mensal em troca do espaço para implantação de uma dúzia de cata-ventos em suas terras. O certo para ele seria um royalty sobre o valor da produção. Assim o proprietário da terra se tornaria sócio do vento que passa por ela.

A sugestão de uma participação percentual na venda de energia foi encampada pela Elecnor, construtora da usina eólica, e aplicada a todos os proprietários das terras onde serão instalados geradores eólicos. Não se conhecem detalhes dos contratos, mas os proprietários das terras beneficiadas pelo projeto são encarados como ganhadores de uma loteria cujos prêmios serão pagos mensalmente a partir de janeiro de 2007.

O pioneiro Raupp morreu em 2003, aos 82 anos, deixando praticamente garantido o futuro de filhos, netos e bisnetos. Seu genro Edson Silva dos Santos, 58 anos, marido de Maria Eunice Raupp, tomou o lugar do velho nas negociações com os espanhóis e não tem dúvidas de que a exploração do vento é um negócio firme e seguro.

Plantador de arroz (250 hectares este ano) e participante do projeto de criação de gado na maior parte das terras da família, Edson, mais conhecido por Edinho, lembra que nas primeiras conversas sobre a usina eólica os espanhóis da Elecnor/Enerfin falavam de geradores de 1 MW. Em seguida, passaram a falar de geradores de 1,65 MW. No final da história, definiram-se por cata-ventos de 2 MW.

Os espanhóis não explicaram por que o projeto dobrou de tamanho, mas tudo indica que a mudança ocorreu à medida que as medições do vento permitiam estimar um número mínimo de horas de geração elétrica por ano. Válido por 35 anos, com renovação já prevista por mais 12 anos, o contrato da Elecnor/Enerfin com os Raupp prevê uma remuneração variável e crescente, de acordo com as horas de vento. A remuneração mais baixa é para a hipótese de uma operação de 2401 a 2700 horas/ano. O percentual aumenta a cada 300 horas adicionais de vento, chegando ao máximo se operar mais de 3600 horas/ano. O percentual, Edinho diz não lembrar; esconde para não criar problemas com a família.

Seja qual for o ganho dos premiados — 18, ao todo, incluindo os “contemplados” com as torres de transmissão da energia — , a exploração da energia eólica representa um avanço extraordinário num município onde o vento era motivo de brincadeiras do tipo “Visite Osório antes que o vento acabe com ela”.

Com 148 anos de existência, o município se ressente de sua condição de “lugar de passagem”, onde os negócios dificilmente se enraizam, porque a geração de renda é muito baixa na região. Na própria Fazenda São João do Paraíso, os Raupp tiveram uma comprovação da dificuldade na implantação de um projeto de lazer rural, com hotel-fazenda e pesque-pague. O negócio implantado à margem da RS-030 não prosperou e está parado.

Com a implantação da usina eólica, acredita-se na possibilidade de se criar novos fluxos turísticos em Osório, onde sempre foi assim: no verão, todo mundo passa “voando” para as praias; no inverno, quase ninguém pára na cidade, por causa do frio e do vento.

Com os supercata-ventos, está prevista a construção de um mirante no alto do Morro da Borússia (360 m de altitude), que marca o início da Serra do Mar, acidente geográfico responsável pela canalização dos ventos para lagoas e várzeas da planície costeira do litoral norte.

Ventos predominantes
Predomina em Osório o vento nordeste. Quando sopra forte, ele é chamado amistosamente de nordestão. Está presente de setembro a janeiro, quando amaina. Tradicionalmente, os ventos de Osório são mais fracos de fevereiro a maio. No inverno, de junho a setembro, predominam os ventos sul e sudoeste, geralmente acompanhados de frio e chamados genericamente de minuano porque vêm dos Andes argentinos. Também sopram mais raramente os ventos leste e oeste, conhecidos historicamente como sotavento e carpinteiro – são ventos com fama de “bandidos”, porque ao longo dos séculos afundavam e destruíam embarcações nas praias da costa e até nas lagoas do litoral.
Por Geraldo Hasse, de Osório para O Diário dos Ventos, série exclusiva do Ambiente Já e Jornal Já – www.jornalja.com.br

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