MAUS RESULTADOS LEVAM A ENRON A COLOCAR À VENDA SEUS NEGÓCIOS NO BRASIL
2001-09-19
Quando chegou ao Brasil alguns anos atrás, a americana Enron parecia haver descoberto o Eldorado. A empresa, uma das maiores do ramo de energia do mundo, viu-se diante de um mercado absolutamente promissor. Embalada pela desregulamentação dos negócios nas áreas de eletricidade e de gás, ela foi às compras. Em fins de agosto, ao publicar os números do primeiro semestre da concessionária, um de seus principais negócios, a Enron deu a entender que sua aposta talvez tenha sido ousada demais. Para um patrimônio de 510 milhões de reais, o prejuízo chegou a 117 milhões. O problema da filial brasileira talvez seja justamente encontrar uma forma de trazer para o Brasil seu modelo de atuação no exterior. Na área de energia, as empresas reclamam de uma defasagem tarifária que seria de 40%. O racionamento, por sua vez, fez cair os negócios em média 30%. É exatamente por falta de regras mais claras no Mercado Atacadista de Energia, MAE, que a Enron até agora não ativou as vendas da Eletrobolt, uma termelétrica recém-construída na região da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Com recursos de 5 bilhões de dólares investidos na América do Sul, boa parte em projetos no Brasil, como o gasoduto Brasil-Bolívia e várias termelétricas no Centro-Oeste do país, a Enron quer continuar no jogo - e sua decisão de colocar as empresas à venda talvez seja apenas um blefe. (Forbes Brasil/52, 12/09)