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2006-01-17
Dois anos se passaram, e as promessas da prefeitura de substituir o trabalho humano na coleta de lixo por contêineres e caminhões mecanizados continua peça de ficção científica em Porto Alegre. Depois de abandonar os testes realizados no Centro, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) se convenceu do estado de defasagem tecnológica do serviço na Capital e decidiu retomar a idéia de mecanizar a coleta, a varrição e a capina e instituir a lavagem de ruas. A promessa agora tem nova data: junho.

A proposta da coleta mecanizada foi apresentada pela gestão anterior do DMLU em 2004. Pelo projeto, o sistema seria implantado em fase experimental em quatro bairros. Contêineres metálicos de 1,5 metro de largura por 1,2 metro de altura seriam instalados a cada 50 metros nos bairros. Neles, a população depositaria seu lixo domiciliar a qualquer momento. Dia sim, dia não, caminhões equipados com braços mecânicos, computadores de bordo e microcâmeras realizariam a coleta.

Entre as supostas vantagens do sistema estariam a economia em relação ao modelo tradicional - que custa R$ 10 milhões ao mês, 55% do qual apenas para despesas com pessoal -, o fim da exposição do lixo em passeios públicos, o fim das multas por mau depósito, que variam de R$ 13 a R$ 25, e o fim do trabalho degradante de coleta.

Em abril de 2004, porém, a licitação para compra dos equipamentos, avaliada em US$ 2,5 milhões, foi suspensa pela Justiça, atendendo o pedido de uma empresa que se considerava prejudicada. Em setembro, por iniciativa de uma concorrente, houve testes do uso de contêineres na Usina do Gasômetro, na Praça Parobé, no Largo Glênio Peres e no Bom Fim. Mas, desde então, nada evoluiu. Porto Alegre, nas palavras do próprio diretor-geral do DMLU, segue no atraso:

- A qualidade do serviço prestado em Porto Alegre deixa muito a desejar. Temos 10 ou 15 anos de defasagem em relação a capitais como Curitiba, Belo Horizonte ou Salvador. Nosso modelo é ineficiente, dificulta a administração e exige uma fiscalização muito complexa e demorada das empresas contratadas-, avalia Garipô Selistre.

De posse do diagnóstico, Selistre prevê a substituição da maior parte dos atuais 37 contratos estabelecidos para garantir a coleta, a varrição, a capina e a pintura de meio-fio. Uma audiência pública para definir o formato da licitação deve ser realizada em fevereiro. O edital deve ser publicado em março. A perspectiva é de que o novo modelo de gerenciamento passe a funcionar em junho.

Entre as promessas, estão uso de contêineres e de caminhões especiais, compra de máquinas de lavagem mecanizada de ruas - similares às utilizadas no sambódromo do Rio -, varrição por equipamentos de aspiração e capina mecanizada. Nesse caso, garis e coletores deverão ser desviados para novas funções.

O DMLU não confirma, mas ZH apurou que, no lugar da fragmentação de contratos por diversas empresas, uma companhia ou um consórcio deverá implantar o serviço.

Saiba mais
> A proposta de modernizar a coleta de lixo em Porto Alegre foi apresentada pela gestão anterior do DMLU em 8 de janeiro de 2004
> Pelo projeto, o Sistema de Coleta Mecanizada seria implantado em fase experimental nos bairros Bom Fim, Cidade Baixa, Intercap e Rubem Berta até o fim daquela ano
> A alternativa, que seria testada depois de ser bem-sucedida em cidades européias, em São Paulo e em Santiago, no Chile, foi suspensa pela Justiça. (ZH, 17/01)

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