O ecologismo chega às fábricas
2006-01-17
Aproximadamente 300 mil trabalhadores morrem a cada ano pela exposição a agentes químicos. Líderes sindicais do mundo estão reunidos no Quênia para debater sobre meio ambiente.
Na Nigéria foi lançada uma campanha para enviar os produtos químicos, antigos e obsoletos, para os livros de história e beneficiar cerca de cinco milhões de operários, bem como a maior parte do meio ambiente da África Ocidental. Um programa conjunto da Noruega e da Rússia, que está treinando operários russos em áreas como saúde, segurança e produção mais limpa, promete condições de trabalho mais saudáveis e menos emissões para a terra, a água e o ar.
Já na Alemanha, um projeto para converter 300 mil apartamentos em residências energeticamente eficientes, prevê gerar 200 mil empregos e reduzir dois milhões de toneladas de emissões de gases causadores do efeito estufa, responsáveis pela mudança climática. Estes e outros numerosos projetos destacam o crescente entusiasmo das organizações sindicais para adotar o desenvolvimento sustentável em benefício do lugar de trabalho, das comunidades que vivem ao redor e do meio ambiente mundial. Há poucas décadas, a suspeita caracterizava a relação entre ambientalistas e sindicalistas.
Alguns sindicatos temiam que a proteção ambiental colocasse em perigo o emprego ao exercer uma carga indevida sobre os negócios e as empresas, enquanto grupos ecologistas suspeitavam que os trabalhadores organizados se inclinavam a defender o status quo da indústria pesada e, em muitos casos, poluidora. Esses dias acabaram e essas teias de suspeita foram eliminadas pela realidade de um mundo globalizado moderno. Os dois lados agora reconhecem os benefícios múltiplos de trabalharem juntos por uma causa comum.
Com esta finalidade, cerca de 150 dirigentes sindicais de vários países, que representam milhões de trabalhadores, se reunirão pela primeira vez na sede do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) no Quênia, entre 15 e 17 de fevereiro, para a realização da Assembléia Sindical sobre Trabalho e Meio Ambiente. Está previsto estabelecer um plano de ação de fases múltiplas, denominado Iniciativa dos Trabalhadores por uma Herança Duradoura, ou Testamento 2006, em colaboração com a Organização Internacional do Trabalho, a Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres (CIOSL) e a Fundação Sustainlabour.
Existem várias áreas de interesses comum entre sindicalistas e ambientalistas, como, por exemplo, a redução da exposição dos trabalhadores e suas famílias a substâncias prejudiciais e perigosas. Segundo a OIT, cerca de 300 mil trabalhadores morrem por ano pela exposição a agentes químicos. Isto deve ser reduzido drasticamente. Tanto os trabalhadores como os ecologistas reconhecem que o combate à degradação ambiental é uma batalha que pode ser ganha. Tomemos o caso da mudança climática: ao superar esta ameaça, será possível gerar trabalhos novos, mais limpos e mais sustentáveis, em áreas como os sistemas de energias renováveis e a geração mais limpa de combustível fóssil.
Os sindicatos podem ser um poderoso catalisador para a mudança, ao persuadir os empregados e as companhias a serem mais responsáveis ambientalmente e mais eficientes quanto aos recursos. Aproximadamente três milhões de pessoas, ou seja, a metade dos habitantes do planeta estão classificadas como parte da força trabalhadora mundial.
Para saber mais, entre no site http://www.will2006.org.
Por Klaus Toepfer, diretor-executivo do Pnuma, de Nairobi - Envolverde/Terramérica