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2006-01-17
A suposta abertura de fossas sépticas nas dunas da praia da Joaquina está causando bate-boca entre freqüentadores e a dona de um restaurante, acusada de estar causando danos ao meio ambiente. O fato já mobilizou órgãos sanitários e ambientais, cujos técnicos foram até o local conferir as denúncias, inclusive o vice-prefeito de Florianópolis, Bita Pereira.

Tudo começou no dia 1o de janeiro. Segundo testemunhas, a proprietária do restaurante localizado em área de preservação permanente (APP) teria contratado os serviços de um caminhão limpa-fossa para a retirada dos dejetos de uma instalação sanitária numa duna fixa. A paulista Luzia Batista, 39 anos, arrendatária do restautante, alega que "houve um entupimento na caixa de gordura e fui obrigada a promover o desentupimento".

Quando ocorreu o problema, o vice-prefeito Bita Pereira foi chamado até o local e conversou com Luzia, visando esclarecer o problema. Na ocasião, ela alegou estar apenas limpando a caixa de gordura. Assim que Bita deixou o local, ela teria aberto mais duas fossas, o que revoltou os que testemunharam a iniciativa, principalmente surfistas habituais da Joaquina.

Foi então que as denúncias se multiplicaram, levando até o local o setor de vigilância sanitária da Secretaria Municipal de Saúde, a Polícia Ambiental e a Fundação Municipal do Meio Ambientre (Floram), que não conseguiram comprovar o que fora apontado. "Estou cansada de tantas denúncias. Tantas que eu nem consigo mais trabalhar direito, pois tenho que atender a todos que aparecem para olhar", diz Luzia.

Bita Pereira voltou ao restaurante ontem de manhã, para conferir novamente o que estava acontecendo. A proprietária do restaurante usou os mesmos argumentos anteriores e mostrou o trajeto da canalização que conduz os dejetos até um ponto onde há uma bomba de recalque. "Daqui para frente o esgoto segue até onde a Casan faz a coleta", informa.

"O que me deixa com dúvidas é que o pessoal da escolinha de surfe garantiu não ter aparecido mais nenhum problema de mau cheiro", diz Bita Pereira. Verdadeira ou não a denúncia, o fato é que Luzia Batista começa a se arrepender de ter alugado o restaurante. "Eu paguei tudo adiantado e agora preciso de movimento para recuperar o investimento", salienta.

Mas o movimento que ela esperava não está acontecendo. "Os argentinos não vieram", lamenta, fazendo com que ela comece a demitir parte dos cerca de 20 funcionários que contratou para a temporada - quatro na semana passada e outros quatro ontem. "Eu sei que tudo isso aqui é ilegal, os terrenos são de marinha e de preservação permanente. Então qualquer coisa que se faça é ilegal, pois o próprio imóvel é ilegal", reconhece.

Imóveis têm rede de coleta de esgoto
Todos os restaurantes, bares e hotéis da Joaquina contam com rede de coleta do esgoto, encaminhado até a estação de tratamento da Lagoa da Conceição com o apoio da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan). "A iniciativa foi dos próprios comerciantes com a participação da Casan", conta o vice-prefeito Bita Pereira, que acompanhou todo o processo.

O primeiro passo foi a construção de um reservatório para receber os esgotos. Num segundo momento, houve a aquisição de um motor de recalque para lançar os dejetos por baixo das dunas até um ponto em que segue para a estação por gravidade. "No começo do verão, o motor, já bastante velho e de muito uso, não conseguiu dar conta do volume de esgoto e o reservatório começou a transbordar", lembra Bita.

A conseqüência do fraco desempenho da bomba foi imediata: o forte odor do esgoto começou a se espalhar e incomodar os banhistas, surfistas, turistas e freqüentadores dos restaurantes locais. Foi quando a Casan entrou novamente em cena, substituindo o motor-bomba e assegurando o fluxo dos dejetos até a estação de tratamento.

"Na ocasião, foi feito um acordo com os comerciantes, que vão passar a receber água da Casan em breve. Quando isso acontecer, eles terão que pagar pela água e a coleta do esgoto", conta o vice-prefeito. Atualmente, a água usada na Joaquina vem de ponteiras instaladas pelos comerciantes, usando os recursos do aqüífero existente sob as dunas.
(A Notícia, 17/01)

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