Indígenas denunciam desmatamento no Vale do Itajaí (SC)
2006-01-17
Árvores nativas, principalmente canelas e cedros, estão sendo criminosamente retiradas de uma área de 37 mil hectares declarada como indígena pelo Ministério da Justiça, entre os municípios de Itaiópolis, Doutor Pedrinho e José Boiteux. A denúncia foi formalizada ontem pelos caciques da reserva indígena de José Boiteux, numa reunião organizada em Ibirama, no Alto Vale do Itajaí. O encontro tentava uma saída pacífica para o impasse provocado pela apreensão de três caminhões por um grupo de índios xoclengues, na última sexta-feira. Participaram, além dos caciques das aldeias de José Boiteux, o cacique-geral Lauro Juvei e representantes da Funai, Procuradoria Geral da União, Polícia Federal, Polícia Militar e Secretaria de Desenvolvimento Regional.
Segundo a Polícia Militar, o comando de Rio do Sul vai interceder junto ao comando da Polícia Militar Ambiental, em Florianópolis, para garantir uma fiscalização de emergência na região. Haveria pelo menos cinco grandes áreas de corte ilegal. Os índios dizem flagrar, todos os dias, pelo menos seis cargas de madeira transitando pela área, que só não foi anexada à reserva de José Boiteux por causa de uma liminar da Justiça Federal de Joinville, em favor de agricultores e madeireiros. O cacique-geral explicou que a decisão de fechar a estrada que passa pela reserva, na última sexta-feira, foi uma forma de chamar a atenção para o crime ambiental e para a demora na decisão da Justiça sobre a terra declarada como pertencente aos índios.
Depois da reunião em Ibirama, os índios se comprometeram em não fechar mais o trânsito e devolveram um caminhão. Nesse tempo, os procuradores da Funai e da União pretendem agendar uma audiência com o juiz federal responsável pela suspensão da demarcação da terra indígena. A intenção é tratar da derrubada da mata e da decisão em torno da posse das terras. Os procuradores pretendem solicitar, também, que seja suspensa judicialmente qualquer extração de madeira enquanto não houver uma decisão definitiva sobre as terras. Mais do que proteger a mata, os índios querem resolver o impasse em torno da área. A situação vai se complicar na região se a Justiça Federal não emitir um parecer definitivo sobre a questão.
(A Notícia, 17/01)