Chuvas recuperam nível dos rios na Amazônia
2006-01-17
Após a estiagem atingir números históricos em 2005, o regime das águas na Amazônia tende a surpreender mais uma vez este ano. De acordo com dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB), a precipitação no mês de dezembro foi 70% acima da média na região, e em novembro, 9% – suficiente para que 2005, um ano de seca, fechasse com saldo positivo de chuvas. Segundo o gerente de hidrologia do SGB, Marcos Oliveira, desde novembro o Rio Negro sobe em média 13 centímetros por dia, 8 centímetros a mais do que o normal para a época da cheia.
“Os números são positivos, já que desde 2001 havia um déficit de chuvas na região”, diz Oliveira. No trimestre de julho, agosto e setembro, meses normalmente menos chuvosos, o déficit foi de 30%, 50% e 20%. “Graças às chuvas dos últimos meses, 2005 superou em 12% a média anual, que é de 2.300 milímetros/ano.” Em Manacapuru, a 68 quilômetros em linha reta de Manaus, as águas do Rio Solimões já começaram a entrar nos lagos, sinalizando o início da cheia, que deve durar até junho. “Esse ritmo de subida (13 cm/dia) deve se manter até fevereiro e desacelerar a partir daí.”
A expectativa é que a cheia deste ano não supere as média anteriores. O monitoramento deve continuar até março e, se houver risco de enchente, o SGB emitirá um alerta. “Não há desequilíbrio, já que o nível dos rios estava baixo e a água estava toda contida na calha. Quando começar a atingir a várzea, o ritmo de subida tende a diminuir e se normalizar”, explica Oliveira.
Pesquisas mostram que existe uma correlação histórica para o fenômeno: quando a vazante é grande em um ano, a cheia tende a ser pequena no ano seguinte. “A maior cheia foi em 1953 e ainda não se repetiu, o que nos leva a acreditar que ela terá recorrência a cada 100 anos”, diz Oliveira. Mesmo assim, ele admite que possa haver enchentes maiores fora do registro de 100 anos feito pelo órgão.
(O Estado de S.Paulo, 16/01)