Empresários reclamam de incertezas
2006-01-17
Os empreendedores do setor elétrico reclamam das incertezas que o processo de
licenciamento ambiental passa aos investidores. O presidente da Câmara Brasileira
dos Investidores em Energia Elétrica (CBIEE), Cláudio Sales, afirma que um
dos problemas quanto ao licenciamento ambiental é a legislação. "Há uma grande
incerteza sobre o que abrange a compensação ambiental".
Ele afirma que isso preocupa os empresários e a incerteza é acrescentada aos
riscos do investimento. "No projeto inicial tem-se um custo calculado. Depois,
quando o empreendedor está refém de financiamentos e serviços contratados, o
custo de compensação ambiental aumenta, relata o representante do CBIEE. Ele
acredita que a questão quanto ao licenciamento ambiental precisa ser melhor
debatida já que as previsões apontam para uma diminuição na oferta de energia
para o país a partir de 2008.
O diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), Adriano Pires, classifica o
trâmite para a concessão de licenças ambientais como moroso. "Mas o pior
problema é a falta de uma diretriz, um programa governamental para o setor,
diz Pires. Ele destaca que o leilão de energia nova, promovido pelo governo
federal no final de 2005, comprovou os problemas quanto ao licenciamento
ambiental. "A idéia original do governo era de contar com 17 hidrelétricas
concorrendo no leilão. Ele não atingiu essa meta devido à falta de licenças
ambientais dos projetos", diz Pires.
O representante do CBIE teme que as questões ambientais inviabilizem a expansão
energética do país. "O cuidado ambiental é fundamental, mas não podemos correr
o risco de sofrer novos apagões", defende Pires. Ele acrescenta que a iniciativa
privada conta atualmente com boas condições para realizar os estudos sobre os
impactos ambientais dos empreendimentos, mas é necessário agilidade por parte
do governo.
A legislação também é motivo de discussão. O advogado da Mattos Filho, Veiga
Filho, Marrey JR. e Quiroga Advogados, Fernando Tabet, informa que, no Brasil,
poucos profissionais atuam na área de direito ambiental. No entanto, ele
informa que é um setor que preocupa os investidores. "Existem vários
conflitos de competências para determinar o responsável pelo
licenciamento", explica.
Fepam pretende agilizar análise de projetos
O diretor-presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Claudio
Dilda, admite que há morosidade quanto ao processo de licenciamento ambiental
e que a entidade busca alternativas para solucionar a situação. "O problema
é o número de projetos analisados. A Fepam verifica desde pequenas centrais
hidrelétricas até estruturas de maior porte. Cerca de 15 mil empreendimentos
são estudados ao ano pela Fepam", diz Dilda.
Ele afirma que a habilitação de municípios para que eles concedam licenças
poderia agilizar os trâmites. "Já atemos 118 municípios habilitados no Rio
Grande do Sul. É o estado com maior número de municípios participando dessa
iniciativa. Até o final do ano esperamos estender para 200 o número de integrantes
da ação", informa Dilda. No entanto, ele acrescenta que os municípios têm
limites para agir. "Questões que envolvem impactos regionais ou áreas de
proteção permanente não podem ficar sob responsabilidade de uma licença
municipal".
Outra iniciativa da Fepam é um convênio entre o Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea-RS), Conselho Regional de
Biologia (CRBI) e Conselho Regional de Química (CRQ) para que se verifique a
possibilidade técnica dos peritos que fazem os laudos ambientais. (JC, 16/01)