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2006-01-16
Os condomínios de luxo e a beleza natural fizeram da praia Brava um dos balneários mais famosos de Florianópolis. Seu status, no entanto, perdeu força nas últimas temporadas, colocando em dúvida a qualidade e a infra-estrutura da região. Nos últimos meses, duas polêmicas geraram atritos. A primeira, no final de 2005, foi a ordem judicial que obrigou a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) a administrar os serviços da região. A decisão levantou debates e preocupações sobre o abastecimento de água no Norte da Ilha.

A segunda polêmica veio na semana passada. Segundo relatório da Fundação do Meio Ambiente (Fatma), a praia Brava apresentou três pontos impróprios para banho. Situação rara nos anos anteriores e que dificilmente acontece nas chamadas praias de mar aberto. O relatório divulgado ontem já mostra melhora, mas a praia permanece com um ponto poluído, a exemplo da temporada passada.

O resultado surpreendeu muita gente, mas era esperado por outros. Alguns empreendedores da região não acreditam no relatório. Os empresários, que pediram para não terem seus nomes revelados, enxergam uma campanha para desvalorização do balneário, o que por um lado prejudicaria o comércio e, por outro, manteria o balneário como ele está hoje, inibindo novas construções e a chegada de novos moradores. A disputa poderia ser promovida também por setores econômicos distribuídos entre as praias de Florianópolis. A luta para atrair turistas seria a causa de uma "guerra de notícias".

A campanha é negada pela Fatma. Segundo a gerente de análise da qualidade ambiental, Eliana Andrade, os testes executados na Brava seguem a mesma metodologia no Estado inteiro. "Também estranhamos a existência de pontos impróprios para banho. Mas caso alguém queira comprovar, nossa porta está aberta e mostramos todo o processo."

Para o presidente da Associação Praia Brava, Honorato Tomelin, já era esperado o surgimento dos pontos impróprios. "O fato é episodicamente possível", comenta Tomelin. Sua crítica é endereçada à maneira como o relatório de balneabilidade é divulgado. Segundo ele, o estudo não deveria se resumir em apontar os locais impróprios, deveria também mostrar a solução do problema.

A Casan alega que todas as medidas necessárias para o tratamento de esgoto são tomadas constantemente e que não é raro o relatório da Fatma apontar locais impróprios na Brava. "O problema já é antigo, acontecia nos anos anteriores. Nós garantimos que a saída da estação de tratamento não há poluição. Mas não nos compete a limpeza da praia", fala Osmar Ribeiro, diretor de operação da Casan. O site da Fatma (www.fatma.sc.gov.br) disponibiliza os relatórios semanais do verão de 2005 que apontam a existência de locais impróprios para banho - principalmente no ponto do riacho, onde há pouco controle dos afluentes.
(A Notícia, 14/01)

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