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2006-01-16
Pequenos e simpáticos golfinhos, curiosos e gigantescos peixes e raros caranguejos estão conquistando técnicos do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente e podem fazer com que a Baía da Babitonga, que banha os municípios de Joinville e São Francisco do Sul, no Norte catarinense, se transforme em reserva nacional. O projeto, feito em parceria entre a organização não-governamental Vidamar, o Ibama, a Univille e a Univali, está em fase de análise em Brasília e pode ser implantado ainda este ano.

Técnicos do Ibama fizeram em novembro a primeira visita à baía e, segundo o diretor-executivo da Vidamar, Rodrigo Mazzoleni, ficaram impressionados com a diversidade da fauna e o nível de conservação das águas na região.

Os responsáveis pela atenção dos órgãos ambientais à Babitonga são golfinhos conhecidos como toninha (Pontoporia blainvillei) e boto cinza (Sotalia guianensis), os meros e os caranguejos-uçá, todos com níveis maiores ou menores de ameaça de extinção.

Com a criação da reserva de fauna, a Babitonga passaria a ter acesso restrito. Pescadores tradicionais da região - que os órgãos responsáveis pelo projeto calculam em 2 mil pessoas - teriam garantia de trabalho no local. Quem é de fora teria que pagar uma licença.

A idéia é promover uma integração entre as atividades produtivas da região, a conservação da natureza e de espécies da fauna que vivem e se reproduzem no local. Poderão ser organizadas visitações com atividades de turismo de observação dos animais que vivem na baía.

Área sofre um processo acelerado de destruição
A urgência dos pesquisadores em transformar a Baía da Babitonga em unidade de conservação está no fato de a área sofrer intenso processo de destruição. O maior pólo industrial do Estado - na cidade de Joinville - o porto de São Francisco do Sul, o transporte de petróleo e várias comunidades de pescadores artesanais ficam às margens da baía.

Os pesquisadores apontam, entre outros problemas, a poluição das águas decorrente dos despejos provenientes das indústrias e do esgoto doméstico, o assoreamento acelerado devido ao desmatamento criminoso, a pesca predatória, a caça clandestina e a ocupação ilegal das áreas públicas como ameaça constante às espécies que vivem nela.

ONG e Ibama no mesmo barco
A ONG Vidamar tem parceria técnica com o Ibama para o trabalho de pesquisas sobre os meros.

O trabalho de campo depende da disponibilidade do navio Solancy Moura, do Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros do Litoral Sul e Sudeste (Cepsul). O Solancy Moura é o braço móvel do projeto e é levado, quando liberado pelo Cepsul, a pontos chave do Litoral no Paraná, São Francisco do Sul, reserva do Arvoredo e Sul do Estado, principalmente em Imbituba.

Os pesquisadores, porém, só usaram o navio duas vezes em três anos. Além de ser o único navio de pesquisa e fiscalização no Sul e Sudeste, cada saída de 30 dias custa R$ 15 mil aos cofres públicos, de acordo com o analista ambiental do Ibama, Luiz Fernando Rodrigues.

De predador a defensor dos meros
Depois de passar anos estudando a melhor forma de matar os meros, o mergulhador Waldemar Bucken, 78 anos, passou a ser um de seus maiores protetores em São Francisco do Sul.

A história é longa e ele conta com prazer de quem gosta de um bom papo, sentado ao lado de uma grande escultura em madeira de um mero, na varanda de sua casa, de frente para a Praia da Enseada.

A morte de pelo menos 40 meros - o último há 15 anos - passa pela memória de Bucken, antigamente um grande caçador submarino. O fôlego que o levava a descer a 20 metros de profundidade em apnéia ainda está presente. Há duas semanas, conseguiu atingir 12 metros, para observar os peixes que hoje protege.

O que fez Bucken deixar de ser o predador dos meros que viviam em São Francisco do Sul foi a boa observação - quando viu que havia mais mergulhadores do que peixes, sentiu que tinha que mudar de lado.

- Quero que meus netos e bisnetos possam ver no futuro esses grandes peixes no fundo do mar.

Há 50 anos Bucken começou a mergulhar no Litoral Norte catarinense. Ele lembra que não havia nada na Praia da Enseada além da pequena vila de pescadores e de uma grande quantidade de meros, principalmente na Ilha dos Lobos, uma toca bem conhecida pelos caçadores submarinos. Em cada pescaria, pegava pelo menos cinco meros.

- Mas era só por esporte, para comer com a família e os amigos. Depois, os caçadores passaram a vender a carne e lucrar com isso.

Hoje, Bucken mergulha apenas por diversão, para observar a vida marinha. E ajuda a fiscalizar a entrada de barcos no mar. Para ele, se tiver equipamentos de mergulho autônomo e espingarda, têm que ficar de olho. O peixe que tem na varanda é uma boa recordação esculpida por Rogério Schmitz, o amigo que mora na Praia de Ubatuba.

Grandalhão, dócil e na mira das armas
Simpático, curioso, lento, dócil. Essas características do mero, uma espécie de peixe que vive em alguns pontos do Litoral de Santa Catarina, fazem dos pesquisadores da ONG Vidamar, criadora do Projeto Meros do Brasil, lutadores incansáveis pela sua preservação.

O grandalhão que pode chegar a três metros e 450 quilos foi o primeiro animal marinho do Brasil a ter legislação própria de conservação ambiental.

Os meros são importantes indicadores da conservação dos locais onde vivem. E se ocorrem na Baía da Babitonga, para o diretor-executivo da Vidamar, Rodrigo Mazzoleni, é um sinal de que a região ainda tem chances de ser preservada.

Este é o terceiro ano do projeto Meros do Brasil, que visa a determinar os pontos de ocorrência de meros em Santa Catarina e em que época do ano eles vivem no Estado, principalmente em São Francisco do Sul. Os pesquisadores querem saber onde ele se reproduz, em que época do ano e qual a população de meros na região.

A preocupação de Mazzoleni, que leva o Ibama a realizar constantes operações-relâmpago na região, é com a denúncia de caça submarina dos raros meros que vivem na Baía da Babitonga.

Carne vale R$ 15 o quilo no mercado clandestino
Hoje, segundo o diretor da ONG, a maioria dos pescadores respeita a legislação, mas ainda há denúncias da captura de meros na região. A carne do peixe, vendida clandestinamente, pode valer aproximadamente R$ 15 o quilo.

- Quem for pego caçando, vendendo ou comprando é autuado, multado e responde criminalmente.

Para burlar a fiscalização, os caçadores de meros levam a carne já cortada em filés e dizem que são grandes badejos, espécie da mesma família. A ONG tenta ajudar na capacitação da Polícia Ambiental para reconhecer o mero e fiscalizar a venda da carne.

É temporada de reprodução
Na década de 90, segundo relato dos pescadores, diminuiu muito a quantidade de meros no Litoral brasileiro. Segundo o diretor executivo da ONG Vidamar, Rodrigo Mazzoleni, não se tem idéia da população anterior, mas sabe-se que caiu entre 80% e 90% da década de 70 até hoje.

Tudo em função da captura e da caça submarina. Mergulhadores do terminal da Transpetro, em São Francisco do Sul, contam que há 15 ou 20 anos viam até 30 exemplares juntos. A espécie é migratória, principalmente na época de reprodução.

Larvas devem aparecer apenas no mês de março - A região de São Francisco do Sul tem oito meros marcados pela ONG. Este ano, eles querem fazer a remarcação com novos equipamentos que permitirão que os meros sejam localizados a partir do som. Os pescadores devem participar do processo.

O mero usa a região litorânea para reproduzir e os manguezais da Baía da Babitonga como berçário. Eles vivem até 80 anos, mas demoram de 18 a 20 anos para se reproduzir pela primeira vez. O mero se reproduz uma vez por ano, ou seja, cerca de 20 vezes em toda a vida.

Ele deixa de 80 mil a 100 mil ovos, dos quais em torno de 2% a 5% sobrevivem e chegam à fase juvenil. Apenas 0,2% chega à fase adulta. A reprodução acontece nos meses de dezembro e janeiro, mas a larva aparece na Baía da Babitonga só em março.
(Diário Catarinense, 14/01)

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