Brasileiros e peruanos debatem criação de Parque Binacional
2006-01-16
A invasão de madeireiros peruanos às terras dos índios asheninka, em Marechal Thaumaurgo é um dos temas principais da reunião que acontece hoje em Lima, Capital do Peru onde entidades brasileiras e peruanas debatem a situação ambiental e indígena na faixa de fronteira entre os dois países.
Puxada pela Associação Indígena e dos Povos Tradicionais do Peru (Aidesep) a reunião reúne um verdadeiro consórcio de entidades não governamentais, dentre as quais destacamos o Field Museum, a Pró-Naturaleza, o SPDA, IBCe TNC.
Na pauta principal a Serra do Divisor e a Sina Jibaon Maman tendo como enfoque principal o fortalecimento das entidades que atuam na região e a criação de uma pauta de ações em comum.
A questão dos madeireiros peruanos que invadem a fronteira acreana em busca de mogno na Terra Indígena Asheninka do Amônea, e a criação de um parque binacional com mais de 1,5 milhão de hectares em terras peruanas e brasileiras a fim de proteger a biodiversidade florestal e as comunidades indígenas isoladas centralizarão os debates.
“Há um ano nós estávamos denunciando a invasão de nossas terras pelos madeireiros peruanos, coisa que já vinha acontecendo há vários anos. Nossa comunidade estava perdendo a esperança, parecia que o problema já não teria solução, mas a posição política do governador Jorge Viana em buscar solução numa parceria com o governo do Departamento do Ucayali acelerou as negociações entre os presidentes Lula e Alejandro Toledo, com isso o problema acabou”, garante o secretário Extraordinário dos Povos Indígenas, Francisco Pianco.
Quanto ao motivo que levou as entidades não governamentais que trabalham com diferentes etnias indígenas no Brasil e no Peru a formarem um verdadeiro consórcio em busca de solução para problemas em comum foi esclarecido por Pianco. “Está claro para as comunidades nativas que ao atenderem as demandas comerciais do mercado elas só tem ficado no prejuízo. Exploram uma determinada espécie madeireira até ela se esgotar, depois exploram outra e mais outra, a floresta vai ficando vazia e as comunidades cada vez mais pobres. O questionamento agora está em saber como respeitar a questão ambiental e tirar lucro disso”.
Nesse sentido, o Acre surge como referência positiva, até porque, no Peru ainda não há uma política ambiental bem definida. A primeira reunião técnica entre as autoridades brasileiras e peruanas para dar solução a essa problemática fronteiriça aconteceu em 16 de junho do ano passado e, apesar do pouco tempo vem surtindo resultados práticos efetivos.
(Página 20-AC, 13/01)