Cientistas descobrem variante mais forte da dengue
2006-01-16
Existe uma variante mais forte do vírus causador da dengue. É o que publica na sexta-feira (13/01) a revista Science, sobre um estudo de cientistas australianos na Birmânia. Segundo os pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Brisbane (Austrália), trata-se de uma variação defeituosa do vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti. A variante sobrevive e se alimenta com restos de proteínas do vírus normal que habita a célula-hóspede.
Tal estratégia é chamada complementação e pode ter efeitos importantes na força e transmissão da doença entre os seres humanos. De acordo com o epidemiologista John Aaskov, um dos coordenadores do estudo, a variante contém um erro genético que deveria mutilar o vírus, mas se propaga rapidamente tanto entre os mosquitos quanto entre seres humanos. De acordo com o cientista, o surgimento da variação coincide com a redução da variável mais fraca, o que poderia sugerir a possibilidade de se traçar uma nova estratégia de saúde pública para combater novos surtos da doença.
A preocupação dos cientistas pela dengue - e sua variante mais grave e mortal, a dengue hemorrágica - aumentou nos últimos meses após um aumento de casos nas zonas tropicais, especialmente nos países do sudeste asiático arrasados há um ano pelo tsunami. Os sintomas da doença são febre alta, dores de cabeça, costas e das articulações, além de náusea e manchas na pele. No caso da dengue hemorrágica, a febre dura entre dois e sete dias, seguida por hemorragia, tendência a úlcera na pele, sangramento no nariz e nas gengivas e, possivelmente, hemorragias internas.
Os surtos da doença, que não é transmitida de pessoa a pessoa, geralmente ocorrem em zonas onde está o mosquito Aedes Aegypti - o que inclui a maior parte das zonas urbanas tropicais do mundo. Além disso, o vírus também pode ser levado por viajantes infectados durante visitas a pólos transmissores.
Até agora não existe um remédio específico nem uma vacina contra a dengue. As recomendações médicas são de que os doentes evitem analgésicos que contenham aspirina e usem aqueles com paracetamol, além de descanso e do consumo de muito líquido. (EFE, 13/01/06)