(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
2006-01-16
Maior produtora mundial de celulose branqueada de eucalipto, a Aracruz deverá anunciar ainda no primeiro semestre o local de sua nova unidade, um investimento de US$ 1,2 bilhão. Durante a visita do diretor-presidente, Carlos Aguiar, a Guaíba, na semana passada, a expectativa sobre a definição do local dominou a cerimônia que marcou a conclusão de obras que ampliaram em quase 10%, para 430 mil toneladas ano, a produção gaúcha do grupo, que tem plantas no Espírito Santo e na Bahia. Como há outros dois projetos semelhantes previstos para o Estado, o setor começa a mobilizar os gaúchos.

De um lado, estão os que enxergam uma alternativa de desenvolvimento para a Metade Sul, há anos estagnada. Os ambientalistas alertam para o risco de um futuro deserto verde. Aguiar conversou com Zero Hora sobre esses temas na entrevista a seguir.

Zero Hora - O que falta para a Aracruz anunciar que o Estado será a sede de sua nova unidade, como já o fizeram a Stora Enso e a VCP?

Carlos Aguiar - Queremos entrar com outro projeto no Estado com certeza de que não causaremos impacto de grande monta. Queremos que a sociedade gaúcha entenda o que é o nosso projeto. Sabemos que é um povo maduro. A experiência da fábrica que compramos aqui (ex-Borregaard e ex-Riocell) mostra. Em dois anos, já fizemos várias coisas que demonstram interesse em crescer aqui. Mas precisamos resolver algumas questões.

ZH - Que tipo de questões?

Aguiar - Logística, por exemplo. Na Bahia, somos pioneiros de transporte por barcaça. Queremos transferir essa tecnologia para cá. Estamos fazendo medições. Precisamos conhecer os gargalos do rio Jacuí. Temos de saber se vamos transportar madeira pelos próximos 30 anos sem ser prejudicados por uma enchente ou por uma seca.

ZH - Organizações ambientais alertam sobre o impacto ambiental das novas fábricas.

Aguiar - Estamos conversando com as ONGs para entender qual é o pensamento delas. Estou querendo dizer que não chegaremos colocando o pé na porta, forçando com o ombro e dizendo "vamos fazer uma fábrica aqui". Queremos vir e, ao mesmo tempo, ser convidados.

ZH - Uma das principais críticas é o fato de que o Estado corre o risco de vir a ter um deserto verde. A Aracruz tem respostas para essa preocupação?

Aguiar - Temos mais de 30 anos de experiência no manejo de florestas. Lá no Sudeste, temos um hectare de mata nativa preservada para cada dois hectares de floresta de eucalipto. Esse sistema mantém a biodiversidade local e permitiu até que espécies sob risco de extinção voltassem a aparecer. Temos áreas onde pequenos produtores, fornecedores de madeira, plantaram eucalipto seguido de outras culturas, como café, e a produtividade aumentou. O eucalipto deposita uma grande quantidade de matéria orgânica. São galhos e folhas que deixamos propositalmente. Temos um projeto chamado microbacia com quase 300 hectares e está funcionando há quase 10 anos. Diariamente, medimos a água que entra e sai: o eucalipto não retira mais água do que qualquer outro plantio.

ZH - O eucalipto pode sufocar os tradicionais cultivos do Estado?

Aguiar - As florestas ocuparão uma área muito pequena. No Espírito Santo, que é bem menor, todas as florestas da Aracruz não chegam a 2% das áreas do Estado. Será que esses 2% criarão todo esse problema no campo? Ninguém vai tirar o gaúcho do pampa, até porque já não há muitos gaúchos lá. Ninguém permanece onde não há produção.

ZH - Do ponto de vista ambiental, há diferença entre o processo de produção de celulose do Brasil e o utilizado em países como a Finlândia?

Aguiar - A legislação brasileira é mais restritiva do que a canadense, a norte-americana ou a finlandesa. Tratamentos (de resíduos) semelhantes aos que temos em Guaíba são no máximo dois no mundo. Ninguém exige o que se tem aqui. Não estou falando de certificações internacionais. São exigências do pessoal daqui. O Brasil não tem nada para se envergonhar. Somos muito bons nisso. Eu não tenho o menor receio de comparar nossos resultados com o de qualquer outra empresa.

ZH - Qual é a razão de o Brasil e o Estado receberem tantos investimentos do setor?

Aguiar - A razão fundamental é que o Brasil é altamente competitivo na produção de madeira. Uma árvore de eucalipto leva sete anos para atingir o ponto de corte, e uma de pinus, 12 anos. Nos Estados Unidos, no Canadá, árvores para uso equivalente levam 70 anos para atingir o ponto ideal.

ZH - Mas essa característica natural existe desde sempre. Por que as empresas estão investindo pesadamente aqui nos últimos anos?

Aguiar - Quando se iniciou o plantio, a celulose de eucalipto não era considerada de primeira qualidade. Levou algum tempo, anos, até que esse produto fosse introduzido no mercado mundial e, mais, revertesse sua posição. Hoje, é altamente procurada. Outra razão é que na maioria dos outros países produtores não há mais possibilidade de crescimento. O Brasil tem 5 milhões de hectares de florestas plantadas. O Japão tem 10 milhões.

ZH - E há demanda?

Aguiar - A China precisa desesperadamente de todo tipo de papel e, portanto, de mais celulose. A Índia está ingressando no mercado consumidor. No Brasil, também ainda há muito espaço para crescer.

ZH - O Rio Grande do Sul pode ser um pólo produtor de escala mundial?

Aguiar - O que não está correto é desmatar a Floresta Amazônica ou a Mata Atlântica para plantar eucalipto. Mas o Estado tem áreas degradadas. O setor florestal atrai as indústrias química, mecânica, de telecomunicações. Precisa de mão-de-obra treinada. É uma opção para uma área que está sem opções. (ZH, 15/01)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -