Produção de orgânicos ganha fôlego em 2006
2006-01-13
Incrementar a comercialização dos produtos orgânicos da Cooperativa dos
Agricultores Ecológicos do Portal da Amazônia (Cooperagrepa) e promover a
estruturação tecnológica dos condomínios são as principais metas para 2006 do
projeto Vida Rural Sustentável, implantado pelo Sebrae em Mato Grosso, em
parceria com o governo do Estado, prefeituras e várias outras entidades.
Criada em 2003, a Cooperagrepa é formada por agricultores familiares e
agroextrativistas de dez municípios do norte de Mato Grosso – Alta Floresta,
Carlinda, Guarantã do Norte, Marcelândia, Matupá, Nova Guarita, Nova Santa
Helena, Novo Mundo, Peixoto de Azevedo e Terra Nova do Norte. As cerca de 300
famílias cooperadas são organizadas em 32 condomínios de produção e adotam um
modelo de cultivo que permite, além da preservação ambiental, a produção de
alimentos sem o uso de agrotóxicos, adubos químicos e sem a adoção de
queimadas, desmatamentos e monocultivos.
A cooperativa promove ações voltadas para a organização social, produção
agroecológica certificada, agregação de valor e comercialização, inclusive no
exterior, a partir da adoção de tecnologias de produção de bases sustentáveis.
Para implementar as metas estabelecidas, serão intensificadas as
participações em feiras no Brasil e no exterior. Em fevereiro, os produtos
serão levados à BioFach Alemanha, em Nuremberg, que reunirá cerca de 2 mil
expositores de mais de 60 países e receberá um público superior a 30 mil
visitantes.
Dentre os produtos disponíveis para a comercialização, destacam-se o guaraná
em pó, castanha-do-brasil, mel, café, melado, açúcar-mascavo, rapadura,
frango, suínos, caprinos, pães, doces, leite, frutas e hortaliças. Esses
produtos têm atraído consumidores na Áustria, Alemanha, Holanda, Coréia e
Japão. Em 2005, foram comercializadas para esses países 24 toneladas de
castanha-do-brasil, 14 de guaraná, 146 de açúcar mascavo e 35 de café.
Calcula-se que as vendas têm proporcionado um incremento de um salário mínimo
na renda de cada família, ou seja, um acréscimo de 15%, o que representa um
significativo avanço na melhoria da qualidade de vida, na promoção da
inclusão social e da geração de renda e emprego.
“Estamos ainda fazendo parceiras na área comercial com organismos
internacionais como a Doen Foundantion, da Holanda”, explica do gerente da
Unidade de Agronegócio Territorial, do Sebrae em Mato Grosso, Roberto de
Oliveira.
Avanços – Segundo ele, 2005 foi o ano da consolidação do projeto com
um intenso trabalho de assistência técnica e consultorias tecnológicas na
produção de café, cana-de-açúcar e guaraná. “A Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) de Brasília foi contratada para ministrar um curso em
Matupá”, conta, acrescentando que com a introdução da colheita seletiva do
café e do guaraná foi possível atingir um nível de excelência para os dois
produtos.
A certificação também é outro ponto importante. Roberto relata que o guaraná,
açúcar-mascavo, melado, café e castanha-do-brasil já estão certificados pela
Ecocert Brasil - instituição de origem francesa que atua na área de orgânicos.
Outros produtos estão em processo de certificação, entre eles o frango,
mandioca, leite e derivados.
O fortalecimento da Cooperagrepa é o trabalho mais importante na área de
gestão. Está sendo implantado um sistema de banco de dados nos 32 condomínios
que irá permitir uma melhor comunicação entre eles e os compradores, ou seja,
mais eficiência na comercialização, visto que permite a emissão de notas
fiscais e relatórios financeiros.
Uma parceria com a ONG Amigos da Terra permitiu a elaboração de rótulos para
as embalagens dos produtos, bem como uma consultoria na área de agroturismo.
O Instituto Centro Vida (ICV) vem desenvolvendo projetos alternativos aos
desmatamentos e queimadas.
Em 2005 foi implantada uma agroindústria de açúcar-mascavo na comunidade
Estrela do Sul, em Alta Floresta, a 765 quilômetros de Cuiabá, reunindo sete
propriedades de produtores rurais, num total de 40 pessoas envolvidas. A
capacidade instalada da agroindústria é de 500 quilos de açúcar-mascavo por
dia e o condomínio tem 13 hectares de cana plantados, espalhados pelas terras
dos sete sócios.
Esta é a segunda agroindústria do gênero da Cooperativa, a primeira foi
instalada em Nova Guarita, (a 667 quilômetros da capital). A produção dos
oito condomínios envolvidos na cadeia da cana-de-açúcar foi de 200 toneladas
de açúcar-mascavo e melado, em 2005. Novas agroindústrias serão implantadas
em 2006 e os projetos de financiamento estão em tramitação no Banco do Brasil,
parceiro do Vida Rural Sustentável, juntamente com o Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA).
Segundo Roberto, “o pequeno produtor está vendo que o projeto tem
sustentabilidade econômica e ambiental”. O Prêmio Chico Mendes, na categoria
Negócios Sustentáveis, recebido pela cooperativa em dezembro do ano passado
foi a consolidação desse trabalho, ressalta o técnico do Sebrae. (Agência
Sebrae de Notícias, 12/01)