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mexilhão-dourado hidrelétrica de yacyretá espécies exóticas invasoras
2006-01-13

Um molusco chinês está tirando o sono não só de ambientalistas mas também de executivos das empresas do setor elétrico e de saneamento. É o mexilhão dourado, como é chamado no Brasil, e, ao contrário de seus "primos", não é uma iguaria. Hospedeiro da salmonela, é impróprio para o consumo humano e tem mau cheiro. O molusco vem causando prejuízos às empresas de geração de energia e de distribuição de água e esgoto porque se reproduz de forma muito rápida e descontrolada e entope os canos de água e as turbinas de produção de eletricidade.

Esse tipo de mexilhão, originário da China, já infestou os reservatórios das hidrelétricas de Itaipu e da Cesp - Companhia Energética de São Paulo. O caso mais grave ocorreu na hidrelétrica de Porto Primavera, da Cesp: eles provocaram a parada das máquinas de produção de energia da hidrelétrica em 2002, antes dos técnicos conseguirem entender exatamente o que estava ocorrendo.

Quando desmontaram toda a máquina de geração, equipamentos que pesam toneladas, puderam ver o que causou tamanho transtorno: colônias imensas dos bichos entupindo os canos de resfriamento dos motores de geração de energia.Após a limpeza, duas viagens de caminhão tiveram que levar para um aterro sanitário as quase quatro toneladas de conchas que foram retiradas do equipamento.A história do mexilhão dourado na América do Sul começou em 1991, quando ele foi detectado pela primeira vez no Rio da Prata, próximo de Buenos Aires. O molusco bivalve (com duas conchas, que se fecham) chegou até ali na água de lastro de navios vindos da China.

Em 2000, o mexilhão infestou a primeira hidrelétrica no continente sul-americano: a usina argentina de Yacyretá. No Brasil, foi encontrado na barragem de Itaipu, 400 km acima de Yacyretá, em 2001. No ano seguinte, em 2002, já infestava Porto Primavera, localizada logo acima de Itaipu.Depois da má experiência, a Cesp começou a armar um amplo plano de combate ao bichinho.

O projeto contempla investimentos de R$ 2 milhões em um sistema de injeção de cloro dentro das máquinas de quatro usinas: Ilha Solteira, Três Irmãos e Jupiá, além de Porto Primavera, onde o caso é mais grave e já foram gastos R$ 450 mil em em um sistema de injeção de cloro na água.

"É sabido que o cloro, em doses muito pequenas, é capaz de conter um pouco a reprodução do mexilhão. Mas não significa a erradicação da colônia. Teremos que aprender a conviver com esses bichinhos", diz o gerente do departamento de Meio Ambiente da Cesp, Milton Estrela.O diretor de manutenção e operação da estatal paulista, Luis Tadeu de Freitas, explica que só para limpar os mexilhões dos equipamentos de Porto Primavera a Cesp gasta por ano R$ 342 mil.

Outros R$ 40 mil, diz ele, foram gastos em uma outra maneira de combate: a pintura das grades usando tintas com substâncias que inibem a aderência do mexilhão aos equipamentos. "Essas tintas ainda estão em fase de testes, mas estão produzindo resultados satisfatórios. O problema é que para pintar todos os equipamentos da Cesp seriam necessários uns 10 anos, com paradas programadas das turbinas."Além de tentar conter a infestação, os executivos das empresas de energia também estão preocupados em tentar controlar a contaminação de outros rios e bacias. Só que o mexilhão se move a uma velocidade média de 240 km por ano nos rios brasileiros e cada vez mais atinge novos cursos d´água.

"Em 2001, o mexilhão foi detectado em Itaipu. No ano seguinte, já estava em Porto Primavera, a hidrelétrica logo acima. Em 2003, foi verificada sua presença nas usinas de Jupiá e Ilha Solteira e, por fim, em 2005, chegou a Três Irmãos", diz Estrela, diretor de meio ambiente da Cesp.Para conter a proliferação do mexilhão em outras usinas, a geradora paulista está investindo R$ 800 mil em equipamentos de injeção de cloro nas máquinas de Ilha Solteira, a maior das suas usinas, com 20 turbinas, até julho deste ano.

O custo mensal de mão-de-obra será de R$ 30 mil. Outros R$ 820 mil serão investidos nas hidrelétricas de Jupiá e Três Irmãos, em equipamentos de injeção de cloro.As duas outras empresas de geração de energia que possuem usinas em rios acima do Paraná, onde se encontram as hidrelétricas da Cesp - a AES Tietê, com hidrelétricas no rio Tietê, e a Duke Energy, que possui usinas no rio Paranapanema - estão em estado de alerta.

O presidente da Duke Energy, Mickey Peters, disse ao Valor que ainda não foram verificadas infestações do mexilhão no parque gerador da empresa. "Mas estamos nos preparando para saber como lidar com ele quando chegar a hora."Já a AES Tietê confirmou ao Ministério do Meio Ambiente em novembro a presença do mexilhão em Barra Bonita e Ibitinga.Com a capacidade de se incrustar em qualquer superfície submersa, como madeira, rocha, plástico e até vidro, essa espécie exótica está causando um problema tão grave que o Ministério do Meio Ambiente teve de agir. Editou portaria criando uma força-tarefa nacional, composta por representantes de 7 ministérios e 13 entidades ligadas aos setores de geração de energia, abastecimento e meio ambiente, para pesquisá-lo e tentar controlá-lo. (Valor Econômico, CarbonoBrasil, 12/01)


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