Rio - Comlurb impede o estado de conter gigogas
2006-01-13
Sorte das gigogas, azar dos cariocas: a Comlurb desistiu de pôr as barreiras de contenção na Lagoa da Tijuca para evitar que as plantas sejam levadas para as praias do Rio. E impediu a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla) de fazer o serviço.
Ontem de manhã, técnicos da Serla estiveram na Base de Operações Náuticas da Comlurb, às margens da Lagoa da Tijuca, com o objetivo de instalar uma eco-barreira para conter as gigogas. Segundo o vice-presidente da Serla, Altamirando Moraes, os funcionários foram autorizados a entrar na base, mas quando começavam a trabalhar receberam uma contra-ordem para deixar o lugar:
— De manhã, eles abriram os portões e deixaram os funcionários da Serla entrar. Mas depois a orientação mudou. Um funcionário disse que havia recebido ordens superiores para que a Serla deixasse a base. Ninguém deu maiores explicações — afirmou Altamirando.
O vice-presidente da Serla disse que o estado poderá recorrer à Justiça para que a Comlurb permita a instalação das barreiras na Lagoa da Tijuca.
— Seria importante se pudéssemos usar a Base de Operações Náuticas da Comlurb, porque já existe uma estrutura montada. Eles sempre fizeram essa contenção das gigogas. Mas se isso não for possível, vamos procurar outro lugar para montar uma base e podermos instalar a eco-barreira.
A Comlurb não quis comentar o assunto. Em artigo publicado anteontem no GLOBO, o presidente da Companhia, Paulo Carvalho Filho, argumentou que a contenção parcial das gigogas reduziria a vida das lagoas devido ao aumento da carga poluente:
“Ao contrário do que se possa imaginar, as plantas no oceano e nas praias ajudam a prolongar a vida dessas lagoas. Foi uma decisão técnica! Caso a Comlurb considerasse apenas o custo e não o ganho ambiental, iria contê-las nas lagoas ao invés de retirá-las das praias, porque é mais caro retirá-las de forma dispersa que concentrada”.
A guerra em torno das gigogas é mais um capítulo no embate entre estado e prefeitura no campo ambiental. As obras de saneamento da Barra e de Jacarepaguá também estão travadas por um impasse. Prefeitura e estado ainda não conseguiram chegar a um acordo sobre a passagem do tubulão do emissário sob um trecho da Avenida das Américas. (O Globo, 12/01)